Mansueto Almeida nega sondagem para substituir Guedes no Ministério da Economia

Ex-secretário do Tesouro Nacional afirma que não foi abordado por emissários do governo federal; pressão sobre o chefe da equipe econômica aumenta após revelação de participação em offshore

  • Por Gabriel Bosa
  • 13/10/2021 13h55
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Adriano Machado/Reuters Mansueto Almeida sentado durante entrevista Ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida negou abordagem do governo federal para assumir Ministério da Economia

O ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, negou nesta quarta-feira, 13, que foi sondado para assumir o posto de Paulo Guedes no comando do Ministério da Economia. À Jovem Pan, Almeida afirmou que não existiu abordagem alguma de emissários do governo federal. Os rumores da saída de Guedes ganharam força nos últimos dias após a divulgação de que ele possui investimentos em uma offshore.  O ministro negou qualquer irregularidade e afirmou que a sua empresa em um paraíso fiscal estava declarada às autoridades e à Comissão de Ética Pública. Guedes, que está em viagem aos Estados Unidos para uma série de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do G20, foi convocado pela Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos. A data da audiência ainda não foi confirmada.

Almeida deixou o governo em julho de 2020 para assumir o posto de economista-chefe do banco BTG Pactual. O ex-auxiliar estava à frente do Tesouro Nacional desde 2018, ainda na gestão de Michel Temer (MDB), e participou da transição para o time capitaneado por Guedes. Além do ministro da Economia, a série de documentos divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) revelou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, era sócio de outro empreendimento fora do país até agosto de 2020. A legislação brasileira permite a abertura de offshores, como são chamadas empresas hospedadas em países ou territórios com taxação baixa ou isenção de impostos, desde que os dados sejam repassados à Receita Federal. O Código de Conduta da Alta Administração Federal, no entanto, proíbe que servidores de alto escalão mantenham investimentos, dentro ou fora do país, que possam ser afetados “por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo”. Guedes afirmou que as críticas fazem parte do “barulho” político e devem aumentar conforme a proximidade do ano eleitoral. Guedes e Campos Neto negam irregularidades. Os advogados de ambos já protocolaram petições na Procuradoria-Geral da União (PGR) para esclarecer os fatos.

Na semana passada, Guedes afirmou que “perdeu muito dinheiro” ao aceitar entrar para o governo federal. O chefe da equipe econômica se manifestou publicamente pela primeira após a revelação de que é sócio de uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. “Perdi muito dinheiro vindo aqui exatamente para evitar esses problemas”, afirmou ao participar de um evento com investidores internacionais promovido pelo Itaú. Guedes disse que deixou o comando da empresa e que se desfez de todos os investimentos privados antes de assumir o ministério. “São empresas legais, declaradas, que não tiveram nenhum movimento de entrada ou saída de dinheiro. Desde que botei dinheiro lá, em 2014 e 2015, eu declarei legalmente”, disse. O ministro também rebateu as críticas de que poderia usar a sua posição privilegiada no comando da economia em benefício próprio já que a offshore está “em jurisdições que as minhas ações não têm influência” e é controlada por gestores independentes.

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