Mercado sobe previsão para a inflação a 6,45% e vê juros a 12,75% em 2022 após mega-aumento dos combustíveis

Revisão afasta a confiança dos analistas na capacidade de o Banco Central cumprir a meta de 3,5% deste ano; Copom define novo patamar da Selic nesta semana

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2022 11h41
Diego Vara/Reuters Piora da pandemia da Covid-19 e aumento de restrições ao comércio e serviços são apontados como principais responsáveis pelo resultado negativo Previsão para a inflação salta após impactos do mega-ajuste dos combustíveis pela Petrobras

A expectativa do mercado financeiro para a inflação saltou de 5,65% para 6,45% após o mega-aumento dos combustíveis promovido pela Petrobras, na semana passada. Para 2023, a estimativa foi revisada de 3,51% para 3,7%, enquanto a projeção de 2024 foi a 3,15%. As previsões foram publicadas nesta segunda-feira, 14, no Boletim Focus, a pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com mais de uma centena de instituições. A nova estimativa para a inflação — a nona mudança consecutiva para cima —, afasta ainda mais a confiança do mercado na capacidade de a autoridade monetária cumprir a meta da inflação em 2022, de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual, ou seja, entre 2% e 5%. Caso se concretize, será o segundo ano seguido que o teto imposto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é estourado. Em 2021, o IPCA encerrou em 10,06%, quase o dobro do limite de 5,25%. Para analistas, o BC já abandonou as expectativas para 2022 e foca em deixar a inflação abaixo do teto em 2023, ano em que a autoridade monetária vai perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%. A inflação foi a 1,01% em fevereiro, o maior resultado para o mês em sete anos, e somou 10,54% em 12 meses. O resultado, no entanto, não consta com os reflexos da disparada das commodities, principalmente agrícolas e energéticas, com a guerra no Leste Europeu.

A alta da expectativa com o IPCA levou ao aumento da previsão dos juros para 12,75% ao ano em 2022, ante 12,25% na edição passada. A mudança também reverberou para 2022, com mudança de 8,25% para 8,75% e em 2024, com alta para 7,5%. A Selic, atualmente em 10,75% ao ano, é a principal ferramenta do BC para conter a variação de preços, e a sua escalada incide diretamente na desaceleração da economia pela taxa ser usada como referência para empréstimos bancários e financiamentos. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne neste terça e quarta-feira para definir o novo patamar dos juros. O mercado estima o acréscimo de 1,25 ponto percentual, que levaria a Selic a 12% ao ano, o maior nível desde 2017. Em diversas oportunidades, o BC deixou claro que vai promover o aperto monetário até onde for necessário para ancorar as expectativas em 2022 e 2023 — período considerado com horizonte relevante. A recente pressão inflacionária com o conflito na Ucrânia levou analistas a aumentarem as expectativas da trajetória de alta e do patamar final dos juros para próximo de 14% ao ano.

Os analistas do mercado financeiro também revisaram para cima a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 0,42% para 0,49%, na segunda semana seguida de revisão. Para 2023, no entanto, a expectativa foi rebaixada de 1,5% para 1,43%. A recente desvalorização do dólar com o fluxo positivo de capital estrangeiro fez a previsão para o câmbio cair de R$ 5,40 para R$ 5,30 no fim deste ano. Em 2023, o mercado enxerga a cotação em R$ 5,21, ante R$ 5,30 na semana passada. A divisa norte-americana abriu a semana em alta, cotado na faixa de R$ 5,06.

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