Negócio entre Itaú e XP eleva competição no sistema, diz Luiz Fernando Figueiredo

  • Por Estadão Conteúdo
  • 25/04/2018 15h17
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Divulgação Divulgação Figueiredo acredita que o Itaú deixou a XP mais forte para competir contra o próprio banco e contra outros bancos

A aquisição de uma fatia de 49% do Grupo XP pelo Itaú Unibanco promove a competição e não concentração, uma vez que está estimulando outros players dessa indústria, com modelo de negócio similar à instituição fundada por Guilherme Benchimol, a crescer. A opinião é de Luiz Fernando Figueiredo, sócio fundador da Mauá Capital e que ocupou a diretoria do Banco Central de 1999 a 2003. Ele defende ainda que o Itaú Unibanco não fez um investimento deste tamanho para mudar o modelo de negócios, focado na desbancarização, na XP.

“A XP representa uma ruptura. O que fizeram não se acreditava que seria possível. De um modelo muito questionado e que se mostrou correto, acabou crescendo de forma equilibrada, com boa governança, ainda que rapidamente. Eles causaram uma quebra de paradigma”, comentou Figueiredo, em conversa com o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Na verdade, Figueiredo acredita que o Itaú deixou a XP mais forte para competir contra o próprio banco e contra outros bancos e que estimulou essa indústria. “Depois da operação da XP, tiveram três ou quatro novas (XPs) que buscaram se fortalecer, algo que provavelmente não teria acontecido sem essa aquisição”, acrescentou. E foi mais longe. “O trabalho da XP é retirar dos bancos aqueles clientes que não estão sendo tão bem tratados. Esse é o negócio deles. Então o Itaú vai mudar o modelo de negócios da XP?”, questionou.

A discussão em torno da aquisição ganhou os holofotes nas últimas semanas em meio a aprovação do Senado de projeto de lei para que atos de concentração envolvendo bancos tenham decisões compartilhadas entre o Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Recentemente, em entrevista ao jornal Valor, Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central de 1999 a 2003, defendeu que a operação fosse barrada por potencialmente reprimir a concorrência, já que o sucesso da XP é resultado da construção de uma base de clientes para enfrentar os grandes bancos.

Para Figueiredo, o grande tema não é o da concentração, mas de competitividade, ainda que concorde que o sistema bancário esteja concentrado. “Essa é a discussão que considero importante, porque pode haver um sistema muito diversificado e não competitivo. O relevante é o quanto o consumidor é prejudicado ou beneficiado pela competitividade. O que o Banco Central tem feito é tomado uma série de medidas para ampliar a competitividade, independente do número de bancos”, frisou o ex-diretor do Banco Central.

Também na visão de Figueiredo, ao tomar essa linha de defesa de uma maior competitividade, o Banco Central pode não aprovar a aquisição do controle da XP no futuro, conforme previsto no contrato firmado entre as partes que resultou na atual operação. “O Banco Central vai ser racional, está vendo em detalhes o plano de negócios. E ninguém brinca com o regulador. Se for um negócio que, ao longo do tempo, possa provocar alguma distorção, (o regulador) irá vetar”, disse.

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