Endividamento no Brasil bate recorde e passa de 12 milhões de famílias

Pesquisa da CNC mostra que 74,6% dos entrevistados possuíam algum débito em outubro, alta de 0,6 ponto na comparação com setembro

  • Por Jovem Pan
  • 04/11/2021 12h53 - Atualizado em 04/11/2021 13h28
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Felipe Rau/Estadão Conteúdo Caixa de supermercado Apesar de nova alta em outubro, endividamento das famílias perde fôlego em meio ao aumento dos juros

O número de endividados bateu novo recorde em outubro e chegou a 12,1 milhões de brasileiros, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgados nesta quinta-feira, 4, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer foi a 74,6% no mês, alta de 0,6 ponto percentual do registrado em setembro. Foi o 11° aumento seguido, e de 8,1 pontos na comparação com outubro de 2020, fazendo desse o segundo maior crescimento anual da série histórica iniciada em 2010. A CNC considera endividado quem possui algum tipo de conta atrasada de cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa. Apesar do aumento, a trajetória cresceu em ritmo menos acelerado do observado nos meses anteriores. Desde junho, a alta era de aproximadamente 1,5 ponto ao mês. Segundo a CNC, o avanço dos juros, que em outubro foram a 7,75% ao ano — e devem continuar subindo —, reduziu a dinâmica da contratação de dívidas. “A inflação corrente elevada e disseminada tem deteriorado os orçamentos domésticos e diminuído o poder de compra das famílias, em especial as na faixa de menor renda. Os números demonstram os esforços em manter os compromissos financeiros em dia, com renegociação e melhor controle dos gastos”, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

O endividamento nos dois grupos de renda pesquisados segue apresentando tendências de alta desde abril. Em outubro, para as famílias com renda até dez salários mínimos, o percentual das endividadas saltou para 75,9%, ante 75,3%. No mesmo mês de 2020, 68% das famílias nessa faixa de renda estavam endividadas. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, a proporção de endividados igualmente alcançou o maior patamar, com incremento de 68,9% para 69,5% em outubro, ante 59,4% em outubro de 2020. Para esse grupo, o endividamento vem apontando níveis recordes mensalmente desde fevereiro deste ano. Mesmo com o endividamento recorde, os indicadores de inadimplência estão menores que há um ano. A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que permanecerão inadimplentes caiu de 10,3% para 10,1% na passagem mensal.

A pesquisa mostrou que o cartão de crédito continua sendo a principal fonte de endividamento das famílias. A modalidade correspondeu a 84,9% dos débitos, alta de 6,4 pontos na comparação com o mesmo mês de 2020. O tempo de comprometimento com dívidas aumentou entre os endividados. A proporção de famílias endividadas por mais de um ano é crescente desde o final do primeiro trimestre, atingindo a máxima histórica de 35,8%. Segundo a CNC, isso indica que os consumidores estão buscando alongar os prazos de pagamento de suas dívidas para que a parcela caiba nos orçamentos e, assim, evitem a inadimplência. Dentre os inadimplentes, o tempo médio de atraso na quitação das dívidas é menor desde março deste ano, ficando em 61,4 dias. A proporção de atrasos acima de 90 dias também mostra queda desde maio deste ano, alcançando 41,3% das famílias inadimplentes, ante 41,6% apurados em outubro de 2020.

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