Paul Krugman, vencedor do Nobel de economia, diz ver paralelos entre mercado cripto e crise de 2008

Para o economista, produtos financeiros complexos estão sendo vendidos para pessoas que não os entendem e são vulneráveis a perdas

  • Por Jovem Pan
  • 28/01/2022 18h11
Mohamed Hassan / Pixabay bitcoin Bitcoin perdeu 45% do valor desde o pico que teve em novembro de 2021

O economista Paul Krugman, que venceu o prêmio Nobel de economia em 2008, afirmou nesta sexta, 28, que vê similaridades entre a recente queda do mercado ‘cripto’ e a crise de hipotecas que levou à crise econômica mundial em 2008. O mercado cripto perdeu US$ 1,3 trilhão de dólares nas últimas semanas – o bitcoin, moeda digital mais conhecida, perdeu 45% do valor desde o pico que atingiu em novembro de 2021, por exemplo. “O cripto não ameaça o sistema financeiro, seus números não são grandes o suficiente para isto. Mas há uma evidência crescente que o risco dos criptos estão caindo desproporcionalmente em pessoas que não sabem no que estão se envolvendo e estão mal posicionadas para lidar com as perdas”, afirmou o economista em artigo no jornal The New York Times.

O mercado de criptomoedas e outros produtos cripto é baseado na tecnologia blockchain, que usa uma rede de computadores com informações em código para garantir as posses. É um mercado considerado volátil, com grandes oscilações. Já a crise de 2008 começou no setor imobiliário: com crédito fácil para poderem pegar empréstimos e pagar hipotecas, os americanos compraram casas, sem uma avaliação de riscos consistente por parte dos bancos. Quando os juros subiram e muitas pessoas não conseguiram pagar, não só os bancos sofreram grandes perdas, como também empresas financeiras que comercializavam produtos considerados de baixo risco baseados na certeza de que as hipotecas seriam pagas. Muitas pessoas perderam as casas e empregos, enquanto bancos receberam um pacote de ajuda dos governos. No artigo, Krugman cita dados de que 55% dos investidores do mercado cripto não tem diploma de faculdade e 44% não são brancos, como exemplos de que pessoas mais vulneráveis podem acabar perdendo dinheiro por não entenderem no que estão investindo.

“Eu lembro os dias em que os empréstimos hipotecários subprime eram igualmente celebrados – quando eram saudados como uma forma de abrir os benefícios da casa própria para grupos anteriormente excluídos. Descobriu-se, no entanto, que muitos que pegaram empréstimos não entendiam no que estavam entrando. Se me perguntarem, direi que os reguladores cometem o mesmo erro que fizeram no subprime: falharam em proteger o público contra produtos financeiros que ninguém entendia, e muitas famílias vulneráveis acabaram pagando o preço”, argumentou Krugman.

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