Pilotos e comissários entram em greve a partir de segunda-feira

Categoria reivindica reajuste salarial; sindicato afirma que 50% dos trabalhadores devem manter as operações funcionando

  • Por Jovem Pan
  • 24/11/2021 18h38 - Atualizado em 24/11/2021 21h12
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J.F.Diorio/ESTADÃO CONTEÚDO Aviões taxiando no Aeroporto de Congonhas Sindicato dos trabalhadores afirma que greve será por tempo indeterminado

Pilotos e comissários das principais companhias aéreas que operam no Brasil irão parar de trabalhar em todo o país a partir da próxima segunda-feira, 29. A decisão de greve foi acatada nesta quarta-feira, 24, após assembleia promovida pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Em nota, a entidade afirmou que a decisão foi tomada “contra a intransigência das companhias aéreas nas negociações da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)”. Os trabalhadores acordaram em fazer um rodízio de paralisação de 50% por dia para manter parte das atividades funcionando. A greve não tem data para ser encerrada. A categoria reivindica reajuste salarial que contemple a reposição das perdas inflacionárias nos últimos dois anos medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). “Além de apresentar proposta muito aquém de recompor as perdas salariais, já rejeitada pela categoria, o sindicato patronal ainda negou a ultratividade da atual CCT, ou seja, não garantiu a manutenção das cláusulas atuais da convenção em caso de um novo acordo não ter sido fechado até a data-base (1º de dezembro)”, informou o sindicato em nota. O SNA representa pilotos, copilotos e comissários de bordo das principais empresas que operam no país, como a Azul, a Latam e a Gol, além de funcionários de empresas de táxi aéreo. A entidade afirmou que a categoria não parou de trabalhar durante a pandemia do novo coronavírus e “deu sua contribuição no combate à doença transportando vacinas, insumos e equipamentos”. O SNA também ressaltou a colaboração da categoria com os planos para recuperação das empresas em meio à queda de renda gerada pela crise sanitária e a aderência em programas de redução de salários.

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) não se manifestou sobre a deflagração de greve. Em nota divulgada na quinta-feira, 18, a entidade informou que os trabalhadores não aceitaram uma proposta de reajuste apresentada e questionaram a entidade por uma nova negociação, “o que resultou no posicionamento do SNEA em relação ao entendimento da condução do processo de negociação, que havendo rejeição de uma proposta, é aguardado que a outra parte, SNA, apresente uma contraproposta”. A entidade das empresas ainda disse que reforçou o posicionamento de considerar o período de 12 meses para negociação, referente a data base atual vigente. Segundo o SNEA, o sindicato dos trabalhadores “declarou não haver contraproposta, mantendo a pauta inicial trazida nas negociações, fixada na recomposição integral do INPC dos últimos 24 meses”.

Em nota, a Latam informou que “acompanha os desdobramentos do movimento” e que por meio do SNEA “segue empenhada em buscar o entendimento com todos os tripulantes para que seja possível superar de forma conjunta as consequências da pandemia, sobretudo neste momento importante de retomada do setor aéreo”. A empresa também disse que todos os voos programados para a próxima semana estão mantidos e que informará aos clientes qualquer alteração ou impacto da greve nas operações. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) afirma que as negociações estavam prejudicadas desde o início. “Desde a primeira negociação, o Sindicato Nacional dos Aeronautas incentivou a categoria a estabelecer estado de greve, sem qualquer consideração, contraproposta ou caminho alternativo, insistindo na reposição integral da inflação dos últimos 24 meses, ignorando a convenção coletiva vigente e a realidade financeira do setor. Ao abandonar as negociações na semana passada, após seis reuniões entre as partes e sem nenhuma flexibilização, o SNA impele a categoria para uma greve como única medida. Cumpre esclarecer também que o Sindicato Nacional dos Aeronautas não observa o rito legal previsto na Lei de Greve ao estabelecer, unilateralmente, que apenas 50% do quadro efetivo permanecerá em atividade, inviabilizando a garantia da prestação de serviços essenciais e indispensáveis para sociedade e deflagrando greve quando, ainda, há uma convenção coletiva vigente”, diz nota enviada à reportagem. “O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) destaca ainda que adotará as medidas pertinentes que estejam ao seu alcance para assegurar a continuidade da prestação dos serviços essenciais de transporte aéreo para a população.” A Gol e a Azul referendaram a posição do SNEA.

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