Piora da economia deve ser ‘menos profunda’ em 2021, diz Banco Central

Autoridade monetária nacional afirma que segundo semestre pode mostrar recuperação robusta das atividades

  • Por Jovem Pan
  • 23/03/2021 11h39 - Atualizado em 23/03/2021 16h00
WAGNER PIRES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Fontes do Banco Central renovam expectativa para o cenário econômico em 2021 Fontes do Banco Central renovam expectativa para o cenário econômico em 2021

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) afirmou nesta terça-feira, 23, que a possível piora da economia pelo recrudescimento da pandemia do novo coronavírus será “menos profunda” do que a recessão causada em 2020. Em ata para justificar a elevação da Selic para 2,75% na semana passada, o colegiado também prevê que a recuperação será mais ágil. “O Comitê avaliou que uma possível reversão econômica devido ao agravamento da pandemia seria bem menos profunda do que a observada no ano passado, e provavelmente seria seguida por outra recuperação rápida”, informou o documento. “Para o Comitê, o segundo semestre do ano pode mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.”

Apesar do tom otimista, a autoridade monetária nacional chama a atenção para o agravamento da pandemia nas últimas semanas, e que os efeitos desta piora ainda não foram refletidos nos indicadores financeiros. “As últimas leituras ainda não contemplam os possíveis efeitos do recente e agudo aumento no número de casos de Covid-19. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o primeiro e segundo trimestres deste ano.” O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira, 22, que a economia deve começar a sentir a “pancada” da segunda onda da Covid-19 a partir deste mês.

O Copom surpreendeu o mercado ao acrescentar 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros na reunião encerrada na quarta-feira passada, 17, o primeiro movimento de alta em quase seis anos. A Selic chegou a 2% ao ano — o patamar mais baixo da história — em agosto de 2020, dando fim ao movimento de queda gradual iniciado em julho de 2019. Segundo o Copom, a queda de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, menos da metade do recuo previsto no momento mais agudo da pandemia, indica que “o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário” com juros baixos e “que um ajuste inicial de 0,75 ponto percentual na taxa Selic seria o mais adequado.” O colegiado também indicou que deve repetir a dose na próxima reunião, marcada para 4 e 5 de maio, jogando os juros para 3,5% ao ano. “O Copom lembrou que essa visão para a próxima reunião pode ser alterada caso haja uma mudança significativa nas projeções de inflação ou balanço de riscos, já que em última instância a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação.”

O colegiado manteve a opinião que a recente escalada da inflação é reflexo de choque temporários, mas que “segue atento à sua evolução.” O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a 5,2% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro e encostou no teto da meta de 5,25% perseguida pelo Banco Central, com centro de 3,75% e mínimo de 2,75%. “A continuidade da recente elevação no preço de commodities internacionais em moeda local tem afetado a inflação corrente e causou elevação adicional das projeções para os próximos meses, especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis”, informou o texto. “Na opinião do Comitê, além do ritmo forte de crescimento dos últimos meses, com consequente redução da ociosidade econômica, houve uma reversão das expectativas de inflação, que passaram a se situar na parte superior do intervalo de tolerância da meta para o ano de 2021 e ao redor da meta para o ano de 2022, os dois anos-calendário do horizonte relevante de política monetária.”

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