Produção industrial cai 0,2% em novembro e registra o 6º mês seguido de retração

Em comparação com o mesmo mês de 2020, setor recua 4,4%; falta de insumos, inflação alta e escalada dos juros dificultam atividades

  • Por Jovem Pan
  • 06/01/2022 11h20
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Pixabay Homem coloca placa de metal em uma estrutura Indústria brasileira fechou 2022 com queda no índice de confiança do empresário

A produção industrial caiu 0,2% em novembro na comparação com outubro, o sexto mês seguido de resultados negativos, informou nesta quinta-feira, 6, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho reforça os desafios ao setor em meio à falta global de insumos nas linhas de produção, a escalada da inflação e o aumento dos juros domésticos. Em relação a novembro de 2020, o recuo foi de 4,4%. No ano, a indústria acumulou alta de 4,7% até novembro e, em doze meses, de 5%. “Quando olhamos para o ano anterior, os resultados ao longo de 2021 são quase sempre positivos, pois a base de comparação é baixa, já que no início da pandemia a indústria chegou a interromper suas atividades, com o ano de 2020 fechando com um recuo de 4,5%”, afirma o gerente da pesquisa, André Macedo.

Apesar do desempenho negativo, apenas uma das quatro grandes categorias pesquisadas registrou queda em novembro. A produção de bens de capital retraiu 3% e eliminou o avanço de 1,8% visto em outubro. As categorias de bens semi-duráveis e intermediários registraram estabilidade. Somadas, elas respondem por 80% da média industrial e evitaram a queda mais acentuada da atividade. Já o setor de bens de consumo duráveis apontou a única taxa positiva, de 0,5%. “Pouco menos da metade, doze de 26, dos ramos pesquisados tiveram resultados negativos. O que é algo diferente do que vínhamos observando, ou seja, mais atividades no campo negativo do que positivo”, afirma Macedo.

Além do encarecimento do custo de produção causado pelos gargalos da falta de matéria-prima, a pesquisa mostrou que fatores domésticos também impactam negativamente no setor. “A indústria sofre com os juros em alta e a demanda em baixa, impactada pela inflação elevada e a precarização das condições de emprego, já que com o rendimento mais baixo, o trabalhador consome menos”, diz Macedo. O desempenho também frustrou as análises do mercado. A XP Investimentos esperava avanço de 0,5%, enquanto o consenso apontava para alta de 0,1%. “Olhando para 2022, esperamos redução gradual dos gargalos nas cadeias de suprimentos que vêm travando a produção industrial. Por exemplo, cada vez mais empresas na Ásia relatam que as paralisações de fábricas, interrupções no fornecimento de energia e limitações nas estruturas portuárias diminuíram de forma significativa ao longo das últimas semanas. Além disso, não esperamos restrições de mobilidade severas devido à disseminação da variante Ômicron do coronavírus, embora a reconheçamos como fator de risco relevante a ser monitorado”, afirma o economista Rodolfo Margato.

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