Quase 3 milhões de famílias sobreviveram do auxílio emergencial em novembro, diz Ipea

Benefício encerrou em dezembro de 2020; trabalhadores formais foram os menos atingidos pela pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 06/01/2021 17h16
Marcello Casal/Agência Brasil Pessoa assinando uma carteira de trabalho Rendimentos dos brasileiros caíram em novembro, e ficaram em 93,7% da renda média habitual

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 6, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que, em novembro de 2019, 4,32% dos domicílios sobreviveram apenas com o valor do auxílio emergencial de R$ 600 ou R$ 1.200, encerrado em dezembro. O percentual representa cerca de 2,95 milhões de lares, uma queda de 0,44 ponto percentual na comparação com outubro, ou diminuição de 300 mil domicílios. Além disso, os rendimentos dos brasileiros caíram, e ficaram em 93,7% da renda média habitual. Os trabalhadores por conta própria foram os mais atingidos: receberam 85,4% do habitual.

A análise dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19 de novembro revela que os rendimentos médios habitualmente recebidos foram de R$ 2.333, enquanto os efetivamente recebidos foram de R$ 2.185, valor 0,9 pontos percentuais (p.p.) acima do mês anterior. Contudo, os rendimentos efetivos do trabalho foram 0,4% menor que no mês anterior. Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 85,4% do que habitualmente recebiam (contra 83,2% em outubro), tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado R$ 1.626.

A análise, feita com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que os trabalhadores formais foram os menos atingidos pelos efeitos adversos da pandemia na renda em novembro. Os trabalhadores do setor privado com carteira assinada e os funcionários públicos receberam 96,9% do habitual. Trabalhadores do setor privado sem carteira assinada auferiram efetivamente 91,6% dos rendimentos usuais, enquanto os trabalhadores do setor público com carteira assinada e servidores do setor público informais receberam, respectivamente, 98,4% e 98,9% de sua renda habitual.

Em novembro, 27,45% do total de domicílios do país permanecia sem nenhuma renda do trabalho efetiva, contra 27,86% registrados em outubro. Esse resultado representa uma queda de 0,44 ponto percentual em relação a outubro, o que equivale a 300 mil domicílios. A proporção de domicílios exclusivamente dependentes do auxílio foi muito maior na região Nordeste, ultrapassando os 10% no Piauí. A renda domiciliar média, após considerar o benefício, ultrapassou em 1% a que seria obtida caso os domicílios houvessem recebido apenas os rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre a parcela de renda muito baixa que, após o auxílio, alcançou rendimentos 19% maiores que os usuais.

Contudo, o aumento na renda domiciliar média provocada pelo auxílio foi R$ 64 menor em novembro, na comparação com outubro (R$ 229,77, contra R$ 294,69). Assim, mesmo com o aumento da renda do trabalho efetiva, a renda média total domiciliar caiu 1,76%, alcançando R$ 3.783 no mês. Entre os domicílios de renda muito baixa, a queda foi de 2,8% (de R$ 1.106 para R$ 1.075). Os dados mostram também que, em novembro, cerca de 70% dos domicílios receberam a metade, ou menos, do valor do auxílio emergencial de setembro – proporção que entre os lares de renda muito baixa alcançou 80%.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.