Renda do trabalhador registra queda histórica em meio ao avanço da inflação

Salário do brasileiro caiu mais de 10% no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o mesmo período de 2020

  • Por Jovem Pan
  • 27/10/2021 11h20 - Atualizado em 27/10/2021 11h30
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USP Imagens notas de R$ 50 Rendimento registrou queda de 4,3% frente ao trimestre encerrado em maio

A despeito do recuo da taxa de desemprego para 13,2% no trimestre em encerrado agosto, a renda do trabalhador brasileiro registrou a maior queda na série histórica em meio ao avanço da inflação, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 27. O rendimento real ficou em R$ 2.489 no período de junho a agosto, recuo de 4,3% na relação com o trimestre encerrado em maio (R$ 2.602). Na comparação anual, a retração é ainda maior. Nos três meses encerrados em agosto de 2020, a renda real estava em R$ 2.771, diferença de 10,2% ao aferido em 2021. Foram as maiores quedas percentuais da série histórica, em ambas as comparações. “A queda no rendimento está mostrando que, embora haja um maior número de pessoas ocupadas, nas diversas formas de inserção no mercado e em diversas atividades, essa população ocupada está sendo remunerada com rendimentos menores. A ocupação cresce, mas com rendimento do trabalho em queda”, afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

A corrosão do salário dos trabalhadores pode ser explicada pelo avanço da inflação no período. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a 0,87% em agosto, o maior valor para o mês em 21 anos. No acumulado de 12 meses, a variação de preços atingiu alta de 9,68%. A trajetória do IPCA se manteve ascendente nos meses seguintes, pressionada principalmente pelo encarecimento da energia elétrica e dos combustíveis. O índice chegou a 1,16% em setembro, o maior registro em 27 anos. Na soma anual, a inflação quebrou a barreira dos dois dígitos e foi a 10,25%, o valor mais expressivo desde fevereiro de 2016. A prévia de outubro não indicou arrefecimento na variação de preços. Dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 26, mostraram que o IPCA-15 registrou avanço 1,20% no mês, o maior em 26 anos, e somou alta de 10,34% nos últimos 12 meses. 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad – Contínua) apontou que o índice de desemprego chegou a 13,2%, o que representando entre junho e agosto, uma redução de 1,4 ponto percentual em comparação com o trimestre encerrado em maio. O levantamento aponta que 13,7 milhões de brasileiros estão desocupados, enquanto o número de empregados chega a 90,2 milhões de pessoas, um crescimento de 4% em relação ao trimestre móvel anterior, e de 10,4% no ano. As informações do IBGE também demonstram melhora em outros dados, como na taxa de subutilização, que caiu para 27,4%. O número de pessoas fora da força de trabalho, 73,4 milhões de brasileiros, teve redução de 3,2% e a população desalentada, que representa 5,3 milhões de indivíduos, reduziu 6,4% ante o trimestre anterior e 8,7% no ano.

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