‘Se o país não encarar que há um problema de planejamento, este será o primeiro apagão de alguns’, alerta especialista
Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, Clarice Ferraz, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e diretora do Instituto Ilumina, disse que sistema elétrico brasileiro não tem investimento e cresce de forma desordenada
O apagão de seis horas que afetou 25 Estados e o Distrito Federal foi causado pela “falta de planejamento” do setor elétrico brasileiro, segundo Clarice Ferraz, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e diretora do Instituto Ilumina. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, uma sobrecarga no Ceará interrompeu o abastecimento por seis horas em quase todo o país. Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, da Jovem Pan News, Clarice destacou o crescimento desordenado do setor elétrico brasileiro e alertou para o risco de novas intercorrências.
“Eu vou contradizer o ministro [Alexandre Silveira, de Minas e Energia]. Na verdade, a sobrecarga é característica por um sistema que está crescendo de forma desordenada. Há muita geração, uma geração difícil, de origem renovável, caracterizada por flutuações e muito concentrada no Nordeste. Para ela poder ser escoada, não basta só aumentar. E foi isso que aconteceu no setor elétrico brasileiro nos últimos anos. Em paralelo, não tem investimento na infraestrutura. A gente está gerando demais para o que o sistema pode aguentar. E isso é falta de planejamento. Um apagão desse tamanho, dessa gravidade, é um problema de segurança energética. Quando a gente gera demais, traz problema”, disse.
“Tem, sim, risco de se repetir. Há uma sobrecarga, a gente continua com o excedente de geração. Portanto, se a gente não fizer um sistema de manutenção, não colocar que se desliga mais rapidamente ou que permita localizar logo o problema, pode acontecer novamente. A gente está com o sistema desequilibrado. Se a gente não tomar pé da situação e não encarar que há um problema de planejamento que ameça segurança energética, este será o primeiro [apagão] de alguns, se não houver outros mais severos”, alertou.
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