Em nova denúncia da Lava Jato, Paulo Preto é acusado de lavagem de R$ 61 milhões

Investigação da força-tarefa paulista apura participação de ex-diretores da Dersa e da Galvão Engenharia no pagamento de propina em obras nas gestões dos governadores Geraldo Alckmin e José Serra

  • Por Jovem Pan
  • 29/09/2020 11h25 - Atualizado em 29/09/2020 11h37
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Geraldo Magela/Agência Senado O engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, apontado como operador de propina do PSDB

O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) ofereceu nesta terça-feira, 29, nova denúncia por lavagem de dinheiro contra os ex-diretores da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Mário Rodrigues Júnior e Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, e o ex-executivo da Galvão Engenharia, José Rubens Goulart Pereira. A ação faz parte do inquérito da Lava Jato em São Paulo que investiga o pagamento de propinas para o favorecimento de empreiteiras em obras viárias do governo do estado durante as gestões dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, entre 2005 e 2009. As transações realizadas para contas na Suíça podem ter chegado a US$ 10,8 milhões, mais de R$ 60,7 milhões pelo câmbio atual, informou a força-tarefa.

A denúncia apresentada hoje faz parte das investigações por lavagem de dinheiro já instauradas a partir de investigações do MPF contra integrantes do grupo apontado como responsável por fraudes no Rodoanel Sul e do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo.  Nesta nova acusação, a Lava Jato paulista focou na ocultação dos recursos ilícitos pagos pela Galvão Engenharia para fazer parte do cartel de construtoras que definiu a divisão e o superfaturamento das obras. Segundo os procuradores, Mário Rodrigues Júnior e Paulo Vieira de Souza receberam o dinheiro no exterior por meio de empresas registradas em paraísos fiscais. José Rubens Goulart Pereira foi o principal articulador dos pagamentos, apontaram as investigações.

De acordo com o MPF, o ex-diretor da Galvão Engenharia contou com a colaboração de seu irmão, Cristiano Goulart Pereira, profissional do mercado financeiro suíço e que também foi denunciado. As investigações apontaram que ele atuava como representante dos ex-diretores da Dersa na movimentação das contas no país europeu e facilitava as transações ilícitas. Os investigadores identificaram que Cristiano, Mário Rodrigues e Paulo Vieira mantinham contas no banco Bordier & Cie, todas abertas em nome de offshores geridas por uma mesma pessoa jurídica, a Del Toboso Trust Co. S.A..

Completa a lista de denunciados a então mulher de Mário Rodrigues, Andrea Bucciarelli Pedrazzoli, acusada de receber parte dos recursos transferidos ao marido. Além de se valer de contribuições de colaboradores, o MPF analisou uma grande quantidade de documentos bancários remetidos pela Suíça, traçando o complexo caminho das movimentações financeiras feitas pelos investigados para ocultar e dissimular a origem e a natureza ilícita dos valores. Ao final do processo, a força-tarefa da Lava Jato quer que eles sejam condenados à devolução dos valores ilícitos recebidos e à reparação dos danos causados aos cofres públicos.

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