Em vídeo divulgado pela polícia, terrorista diz que queria levar medo ao Canadá

  • Por Agência Brasil
  • 06/03/2015 18h19
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EFE Vídeo em que Michael Zehaf-Bibeau explica que invadiu o Parlamento Nacional

A polícia canadense divulgou hoje (6) o vídeo em que Michael Zehaf-Bibeau explica que invadiu o Parlamento Nacional, em Ottawa, capital do Canadá, em 22 de outubro do ano passado em retaliação pelo Afeganistão e pelo Canadá querer enviar tropas para o Iraque. O comissário da Guarda Montada Real do Canadá, Bob Paulson, apresentou o vídeo por volta das 11h (horário local) enquanto atualizava o Comitê de Segurança Pública da Câmara dos Comuns sobre as investigações do crime. Após o ataque, Zehaf-Bibeau fugiu para o interior do Parlamento, onde foi morto.

No vídeo, o canadense de 32 anos, convertido ao radicalismo islâmico, declara que queria atingir apenas alguns soldados para mostrar que os canadenses não estão seguros em seu país. “O Canadá não deveria ter se tornado oficialmente um de nossos inimigos, amedrontando e bombardeando-nos, ameaçando-nos e criando terror e matando-nos em nosso país e matando nossos inocentes”. A gravação tem menos de um minuto.

Zehaf-Bibeau condena os canadenses por terem “se esquecido de Deus” e permitido “todo tipo de indecência”. No fim, evoca Alá, e diz: “nós não vamos parar até vocês decidirem ser um país pacífico, ficarem em seu próprio país e parar de ir a outros países e matar pessoas corretas como nós”.

O vídeo foi gravado no próprio carro de Zehaf-Bibeau, próximo ao Memorial da Guerra do Canadá, nas imediações do Parlamento, pouco minutos antes de ele matar o militar que fazia a guarda do monumento. Nas imagens ele aparece lúcido.

Segundo o representante da Polícia Nacional do Canadá, o vídeo não foi divulgado antes para não atrapalhar as investigações. Mas, mesmo na exposição de hoje, o vídeo teve 18 segundos de imagens retiradas, consideradas importantes para as buscas policiais. Outra preocupação das autoridades era a de que o vídeo servisse como uma incitação à radicalização, ao recrutamento e ao financiamento de atividades ligadas ao terrorismo. O país está preocupado com jovens que têm deixado o país para combater pela jihad islâmica.

Para parte da opinião pública, o fato de o vídeo estar sendo divulgado agora tem razão política, pois o projeto de lei antiterrorista apresentado pelo governo conservador do primeiro-ministro, Stephen Harper, será discutido na próxima semana. Outro projeto de lei de autoria do governo – que propõe prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional para crimes hediondos de primeiro grau, entre eles o terrorismo – foi apresentado na quarta-feira (4). As eleições gerais no Canadá ocorrem em outubro deste ano. O comissário da Guarda Montada Real negou veementemente essa relação.

Sobre as investigações, Bob Paulson, destacou que 130 investigadores têm se debruçado no processo. Até agora foram interrogadas 400 pessoas. Michael Zehaf-Bibeau nasceu em Montréal, no Canadá, de mãe canadense e pai líbio. Ele tinha problemas com uso de drogas e já havia sido preso por outros crimes.

Segundo a autópsia, o corpo de Zehaf-Bibeau – morto pelas forças policiais no dia do atentado – não apresentou sinais de drogas ou álcool. Nos últimos anos, ele vinha se aproximando cada vez mais das ideologias radicais islâmicas. No mês de setembro de 2014 tentou obter um passaporte canadense em Vancouver, mas seu pedido foi negado.

Como tinha dupla nacionalidade – ele também era líbio – foi para Ottawa, onde procurou a Embaixada da Líbia para renovar seu passaporte vencido. O procedimento iria demorar de três a quatro semanas. Sua intenção era viajar para a Síria, onde deveria se juntar às forças jihadistas do Estado Islâmico.

No dia 4 de outubro, ele participou de uma visita guiada no edifício do Parlamento, em Ottawa. E dois dias antes de invadir a sede parlamentar do Canadá, comprou um carro. No dia do atentado, colocou uma arma – que a polícia não soube dizer a origem – no porta-malas do automóvel e levava um facão atado ao corpo.

Para a polícia canadense, Zehaf-Bibeau não agiu sozinho e agora busca os possíveis coautores do atentado.

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