Empresários e trabalhadores pedem mudanças para recuperação da indústria

  • Por Agência Brasil
  • 06/04/2015 20h20
03/05/2004 angra dos reis rj estaleiro bras fels . verolme foto antonio pinheiro GERJ Indústria

Entidades sindicais e de empresários lançaram hoje (6), na capital paulista, uma coalizão em defesa da recuperação da indústria da transformação. O manifesto, assinado por 32 organizações, destaca que o segmento representava 35% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), na década de 1980 e, desde então em queda, chegou a 12% de participação.

A perda de competitividade é apontada como a principal razão para esse decréscimo. O documento pede mudanças em fatores como câmbio, juros e carga tributária.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, a desvalorização da indústria nacional impede o desenvolvimento do país. “Este é um grito de alerta à sociedade e ao governo sobre a destruição que a indústria sofre, por conta de situações macroeconômicas que tornam inviáveis a fabricação competitiva de manufaturas.”

Entre as centrais que compõem a coalizão estão a Força Sindical, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). O Sindicato dos Metalúrgicos da Região do ABC, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), também assina o manifesto. De acordo com os organizadores, as entidades empresariais que formam o grupo representam 50% do faturamento da indústria de transformação e as entidades sindicais reúnem 4,5 milhões de trabalhadores.

Pastoriza destacou que o movimento é horizontal, e não partidário. Apesar da afirmação, o tom do lançamento foi de crítica ao governo federal. O presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, classifica de catastrófica a situação atual da indústria. “Temos capacidade de mudar o Brasil. Se formos às ruas com determinação, em defesa do emprego, essa pátria merece a vontade do povo, e não a vontade de meia dúzia de sanguessugas”, afirmou. Ele reforçou que a coalizão não definiu posição contrária ao governo, mas a central dirigida por ele defende a saída da presidenta Dilma Rousseff.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, criticou os ajustes fiscais do governo federal. “São políticas distorcidas. Tem problemas no seguro-desemprego, na pensão por morte, no abono, mas não é tirando direitos do lado mais fraco que vai resolver”, disse Torres, referindo-se às Medidas Provisórias 664 e 665, que alteram critérios para concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. Ele destacou a unidade conquistada entre empresários e trabalhadores e disse que os próximos passos da coalizão ainda serão discutidos.

Os signatários do manifesto não definiram os meios para chegar a melhores condições nos três pontos definidos: câmbio, juros e carga tributária. “Não discutimos isso. Como fazer é com o governo. O que nós deixamos muito claro é do que o país precisa para ser sistemicamente competitivo”, afirmou. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, destacou que a proposta do grupo sobre os impostos, por exemplo, é que eles não aumentem mais. Quanto aos juros, o grupo defende que fiquem próximos de patamares internacionais, abaixo de 2%.

Cover falou ainda sobre a necessidade de uma política cambial que permita o crescimento das exportações brasileiras. “Isoladamente, a sobrevalorização do real em relação ao dólar [talvez] tenha sido o que mais prejudicou a indústria. Por que não podemos ter uma política cambial? Não é difícil imaginar um dólar que permita maior competitividade da indústria, pelo menos a curto prazo”, questionou.

Agência Brasil procurou a assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência da República e aguarda posicionamento da pasta.

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