Esportes de “super-humanos” tornam obsoletas as limitações físicas
Antonio Hermosín.
Tóquio, 10 jun (EFE).- A bola presa com drone e o futebol com visão de 360 graus são dois dos novos esportes nascidos em um laboratório do Japão, e concebidos como campo de testes para tornar obsoletas as limitações do corpo humano através da tecnologia.
Os pesquisadores da recém constituída Sociedade de Esportes para Super-Humanos (S3) japonesa querem reinventar a forma de praticar esporte, e transformar espetáculos esportivos clássicos como uma partida de tênis em uma experiência multissensorial.
“O esporte sempre foi uma via para explorar as limitações do corpo. Nosso objetivo agora é aumentar as capacidades humanas graças à tecnologia”, disse em entrevista à Agência Efe Masahiko Inami, professor da Universidade de Keio (Tóquio) e cofundador da S3.
Inami explicou o projeto em um dos laboratórios da S3, repleto de livros sobre anatomia humana, computadores e aparelhos como canhões de ar comprimido ou capacetes de realidade virtual; e onde colaboram engenheiros, atletas, desenvolvedores de videogames, neurologistas, artistas digitais e técnicos protéticos.
Quando Tóquio receber os Jogos Olímpicos de 2020, esta equipe multidisciplinar prevê organizar “Olimpíadas de Super-Humanos” com provas às quais se aplicariam insólitos conceitos como a “força aumentada”, a “tele-existência” e a “visão de 360 graus”, assinalou o cientista.
“Queremos criar esportes onde convivam pessoas e máquinas, novas disciplinas adaptadas à era digital”, declarou Inami, conhecido por ser o inventor de uma camuflagem óptica inspirada no mangá de ficção científica “Ghost in the Shell”.
Sua equipe realizará a primeira exibição de “esportes para super-humanos” no próximo mês de outubro, na qual será possível ver algumas das aplicações práticas das tecnologias que estão desenvolvendo.
Uma delas são os óculos com visão periférica, que foram testados em jogadores para oferecer-lhes uma perspectiva completa do campo, assim como para melhorar a percepção de jogadores com incapacidade visual.
Outra modalidade em fase experimental funde o boxe e a bola pendurada, e coloca dois oponentes usando capacetes especiais e luvas que controlam um drone com o objetivo de acertar o oponente.
A S3 também desenvolveu o sistema “tech-tile” (mistura de “táctil” e “tecnologia” em inglês), que permite transferir para outra pessoa o que um jogador de tênis sente em sua mão ao bater na bola, e que pode ser testado atualmente no Museu Nacional de Ciência Emergente (Miraikan) de Tóquio.
Esta tecnologia, unida a dispositivos audiovisuais, foi aplicada a robôs operados por controle remoto para criar um sistema que os cientistas japoneses chamam de “tele-existência”, ou seja, a capacidade de ver, ouvir e sentir à distância.
Estes aparelhos dariam “superpoderes” aos humanos e permitiriam competir em igualdade de condições com pessoas com limitações físicas, explicou o pesquisador.
“As possibilidades são infinitas, tantas quanto permita a imaginação”, afirmou Inami, acrescentando que já recebeu várias demonstraçõess de interesse de empresas de setores de “tecnologia aplicável”, equipamentos de saúde, robótica e lazer digital.
O referencial para a S3 é a Fórmula 1, onde convergem a indústria e a ciência com fins competitivos, o que dá lugar a avanços tecnológicos “que depois são aplicados à vida cotidiana de muita gente”, disse o cientista.
“Até pouco tempo atrás, os pesquisadores buscavam inspiração na literatura e no cinema de ficção científica. Agora a tecnologia avança rápido demais, e são os criadores que vêm até nós na busca de ideias”, concluiu. EFE
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