Ex-segurança da Kiss relembra “o filme de terror” causado pelo incêndio
Homenagem às vítimas da boate Kiss
Homenagem às vítimas da boate KissGrande parte dos moradores de Santa Maria (RS) ainda chora a morte das 242 pessoas, passado um ano da tragédia da Boate Kiss. Ao caminhar pela cidade é possível perceber a dor, em homenagens pelas ruas e no silêncio de muitos ao se perguntar sobre aquela madrugada de 27 de janeiro de 2013.
Segundo os sobreviventes, mais que no corpo, as cicatrizes marcam o lado psicológico de cada um. Rodrigo Moura, que trabalhava como segurança de palco na casa noturna, é uma dessas pessoas. Chamado de herói, o rapaz ajudou a quebrar a parede do banheiro da boate e participou da reconstituição feita pela Polícia Civil.
Quando o fogo começou, Moura estava ao lado do palco e pegou o extintor para tentar apagar, mas a ferramenta não funcionou. “Foi um filme de terror. Cada passo que eu dava era uma mão me segurando. Ninguém tem noção do que foi aquilo. Quando entrei para fazer a reconstituição, vi corpos empilhados e senti cheiro de sangue, porque tinha muita gente pisoteada, cortada.”
O rapaz conta que a roupa o ajudou a se salvar. Ele vestia uma camisa social branca e uma gravata, que molhou com água e colocou sobre o nariz para conseguir sair da boate. Mas, por ter ajudado a retirar vítimas do local, pouco tempo após a tragédia o segurança foi internado por 20 dias devido a inalação da fumaça. Hoje, a vida do jovem é marcada pelo incêndio.
“Não tem como esquecer. Às vezes, fecho os olhos e me lembro do horror. Tento olhar para a frente, mas a ferida ainda está aberta. Meses depois fui a uma boate em Salvador, mas não consegui me diverti. Fiquei perto da porta e passava um filme na minha cabeça”, relatou o ex-segurança da Kiss.
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