FHC condena discriminação de usuários de drogas por gênero, cor e classe social

  • Por Agência Brasil
  • 22/04/2015 15h59

Fernando Henrique Cardoso se emociona durante celebração dos 20 anos do Plano Real

Agência Brasil Fernando Henrique Cardoso durante celebração dos 20 anos do Plano Real

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quarta-feira (22) que há “uma nítida discriminação” de gênero, cor da pele e classe social na criminalização de usuários de drogas no Brasil. O sociólogo participou de um seminário organizado pela organização Open Society Foundations, que discutiu a política global de drogas, tendo como principal tema as implicações na América Latina.

“Se for pobre, negro e mulher e tiver um pouco de droga, vai para a cadeia. O juiz não tem como julgar o usuário. Ele julga por tráfico. Se a polícia considerou tráfico, ele julga e são cinco, seis anos de prisão”, disse FHC. Segundo ele, há uma nítida discriminação, “um elemento de preconceito muito forte”.

O ex-presidente acrescentou que crianças e adolescentes vítimas de violência em casos como o de Eduardo de Jesus, de 10 anos, são vítimas da guerra às drogas: “Não há dúvida de que são vítimas da guerra às drogas. Há vítimas que são inocentes, que não têm nada a ver com as drogas, mas que são alcançadas pelas balas.”

Respondendo ao presidente e fundador da Open Society, George Soros, que questionou por que o Brasil não liderava esse debate, Fernando Henrique criticou o governo federal. “Aparentemente, o governo atual não tem sensibilidade com a questão das drogas”, destacou o ex-presidente. Ele alertou que o Brasil deveria liderar questões ligadas aos direitos humanos, como a das drogas.

Chamando de “atrasados” os contrários à descriminalização no Brasil, FHC criticou o que chamou de hipocrisia. “No Brasil, o acesso à droga é livre na mão do traficante. As pessoas estão nas mãos dos traficantes. O Estado não pode deixar isso ocorrer”.

* Procuradas pela reportagem da Agência Brasil, a Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto e a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) não se manifestaram sobre o assunto até a publicação da matéria.

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