Governo mais do que dobra imposto sobre folha de pagamento para reforçar ajuste fiscal

  • Por Reuters
  • 27/02/2015 14h43
Marcos Santos/ Usp Imagens Dinheiro e finanças

O governo federal mais do que dobrou nesta sexta-feira as alíquotas de Contribuição Previdenciária das empresas sobre receita bruta, reduzindo na prática a desoneração da folha de pagamentos, em mais uma medida de aperto fiscal para reequilíbrio das contas públicas.

As empresas que arcavam com alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta passam para 2,5%, enquanto as que tinham alíquota de 2% passam para 4,5%, de acordo com a Medida Provisória 669 publicada no Diário Oficial da União.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou ter recebido o anúncio “com extrema preocupação”, avaliando que as mudanças gerarão forte impacto para a indústria, inclusive no tocante à manutenção de empregos, em um cenário já marcado por perda de competitividade do setor.

A desoneração da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamentos das empresas começou a ser adotada em 2011 para reduzir os gastos com a mão de obra e estimular a economia. Ela substituiu a folha de salários como base para essa contribuição.

Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o anúncio desta sexta marca, na prática, o fim do programa de desoneração da folha de pagamento.

“Seria mais coerente se (o governo) tivesse assumido de uma vez que o seu objetivo é extinguir o programa –aliás criado por esse mesmo governo com o objetivo de incentivar a criação de empregos e sob o argumento de que era necessário dar instrumentos para melhorar a competitividade das empresas”, afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em comunicado.

“O ajuste fiscal que as contas públicas necessitam tem que ser baseado no controle do gasto, não no aumento da tributação e no corte do investimento”, completou.

Em 2014, ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff tornou o benefício permanente, autorizando a ampliação dos segmentos beneficiados, hoje em torno de 60%.

De alto custo fiscal, a desoneração saltou de R$3,9 bilhões em 2012 a R$21,568 bilhões em 2014, de acordo com dados da Receita Federal.

Para este ano, uma fonte do Ministério da Fazenda informou à Reuters recentemente que a desoneração geraria, antes da MP 669, renúncia ao governo de cerca de R$25 bilhões, chamando a atenção para o alto peso fiscal do benefício.

A redução da desoneração da folha se soma a outras medidas do esforço do governo para recompor receitas e reequilibrar as contas públicas.

Nesta manhã, o Banco Central divulgou que o setor público consolidado teve superávit primário de R$21,063 bilhões em janeiro, beneficiado de elevada economia de Estados e municípios, fazendo as contas públicas fecharem o primeiro mês de 2015 com superávit nominal, o que não ocorria desde janeiro de 2013.

O resultado foi melhor que o esperado por analistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava saldo positivo de R$18,250 bilhões.

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