Hamas ressalta que cessar-fogo depende de fim do bloqueio
Gaza, 21 jul (EFE).- O movimento islamita Hamas afirmou nesta segunda-feira que continua aberto a negociar mas acrescentou que não definirá um cessar-fogo até que todas as suas condições sejam aceitas, incluindo a suspensão definitiva do ataque israelense e o bloqueio que Gaza sofre desde 2007.
Em declaração à Efe, Ihab al Ghusein, ex-vice-ministro de Informação do Hamas, insistiu que todas as milícias seguirão com a luta enquanto for necessário porque “os palestinos não tem já nada que perder”.
“Estamos há oito anos sob ataque e estamos morrendo lentamente, se o povo está sofrendo, nós também sofremos, nossas famílias estão aqui, morrendo e se ferindo, talvez eu seja o próximo”, afirmou.
“Mas não vamos nos render, vamos manter a bandeira içada, temos dignidade e buscamos nossa liberdade e seguiremos lutando por essa dignidade e por nossa liberdade, inclusive se nos matarem a todos”, acrescentou.
Al Ghusein confirmou que o Hamas lidera a negociação com diversos mediadores internacionais e que a decisão que adotar será aceita pelos outros grupos e milícias palestinas.
“Há vários grupos envolvidos na busca de um cessar-fogo, mas não aceitaremos nenhum acordo até que as condições dos palestinos sejam cumpridas”, afirmou.
“Estamos falando da suspensão do bloqueio, da abertura das fronteiras, da aplicação dos acordos anteriores com Israel. São direitos normais, os mesmos direitos que para qualquer pessoa”, acrescentou.
Nesse sentido, ressaltou que “Israel não só enfrenta o Hamas, mas todas as facções palestinas. Todas elas estão unidas em uma só voz e nas condições em que deve chegar à liberdade para os palestinos”.
“Muitas partes estão chamando o Hamas e as facções palestinas e damos as boas-vindas a todo esforço de qualquer parte, mas deve incluir as condições que os palestinos exigem para sua liberdade”, insistiu.
Ghusein voltou a culpar Israel pelo início das hostilidades e responsabilizou os Estados Unidos pelo massacre, “que deu sinal verde a Israel.
“Eles começaram isso, nós não queríamos isso. Eles começaram o massacre. Todos os mortos são crianças e mulheres e nós, como palestinos, consideramos que não temos nada a perder”, ressaltou.
“Há uma injustiça no mundo, em particular por parte da comunidade internacional, porque estão nos vendo (sem agir) e alguns, como o governo dos Estados Unidos, deram sinal verde para este massacre na Palestina”, acrescentou.
Nesse contexto, justificou o lançamento de foguetes contra Israel como uma ação defensiva e a suposta captura de um soldado israelense em combate.
“Esses soldados israelenses chegaram aqui para invadir Gaza, é direito nosso e da resistência defender nosso povo e, nessa defesa, capturaram um soldado israelense”, disse o responsável, que admitiu não ter provas ainda de uma captura sobre a qual o governo e o exército israelenses guardam um profundo silêncio.
“Temos que acreditar na resistência, eles nunca mentiram, não precisam. O mesmo aconteceu em 2006, quando a resistência também capturou (Gilad) Shalit. Disseram que ninguém foi capturado mas, no final, todo o mundo viu que o soldado havia sido apanhado”, lembrou.
“Nós também temos 5 mil prisioneiros em prisões israelenses e todos os palestinos buscamos sua libertação”, disse. EFE
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