Inundações na Argentina geram tempestade política em meio a corrida eleitoral

  • Por Agencia EFE
  • 13/08/2015 18h38

Buenos Aires, 13 ago (EFE).- As graves inundações que deixaram pelo menos três mortos e afetaram de alguma forma milhares de pessoas na Argentina geraram uma tempestade política em plena corrida eleitoral pela sucessão à presidente Cristina Kirchner, com o candidato governista, Daniel Scioli, no centro das críticas.

Governador em fim de mandato da província de Buenos Aires, região mais afetada pelo temporal, ele teve que retornar nesta quinta-feira de uma “viagem pessoal” à Itália, para onde tinha embarcado na terça-feira em meio à situação de emergência.

Scioli justificou hoje em entrevista coletiva a decisão de viajar para fazer “consultas médicas” diante do “esforço extenuante” realizado durante a campanha eleitoral, que o “levou ao limite da dor”, em referência à amputação de seu braço direito após um acidente de powerboat, em 1989.

A crise envolve sua vitória nas eleições primárias de domingo passado, fato em que os líderes da oposição buscam investir na campanha rumo às gerais de outubro.

O líder peronista dissidente Sergio Massa, candidato presidencial da coalizão Frente Renovador (FR), considerou a viagem de Scioli “inoportuna”, enquanto o conservador Mauricio Macri, da Proposta Republicana, lamentou o “abandono” da população.

“Não fazemos demagogia política. O adversário é a mudança climática. Eu não vejo isso em termos políticos e lamento pelos que querem levá-lo a esses termos, mas não vão encontrar da nossa parte”, disse Scioli.

Do governo de Cristina Kirchner, o chefe de ministros, Aníbal Fernández, também quis amenizar as acusações ao afirmar que os opositores “pretendem tirar vantagem politiqueira” das inundações quando “a realidade” é que “é preciso arregaçar as mangas e trabalhar”.

“Às vezes dá vergonha alheia, no caso de (o líder conservador Mauricio) Macri, pelas coisas que ele diz como se estivesse solucionando o problema do povo”, acrescentou em encontro com a imprensa.

A oposição e a opinião pública também questionam a gestão de Scioli durante os oito anos à frente da província mais rica e mais populosa da Argentina, que em menos de um ano viveu dois episódios de graves inundações e que precisa de grandes obras públicas para limpar os leitos e melhorar o desaguamento dos rios.

Scioli defendeu nesta quinta-feira os investimentos realizados nos últimos anos, mas reconheceu que “enquanto houver algo danificado, a tarefa sempre estará inacabada”.

Além disso, declarou emergência hídrica e anunciou ajudas para os afetados, complementares às oferecidas na quarta-feira pelo governo argentino.

A província de Buenos Aires é a região mais afetada pelas intensas chuvas que começaram há uma semana, com precipitações que representam 30% da média de um ano inteiro, segundo informou o governo local.

Cálculos oficiais indicam que 10 mil pessoas foram afetadas na província de Buenos Aires, entre os quais duas mil pessoas continuam em abrigos oficiais e 4 mil se refugiaram em casas de parentes ou conhecidos.

O temporal causou pelo menos três mortes e deixou cidades com bairros inteiros alagados. Embora o alerta climático esteja mantido, a expectativa é que nas próximas horas haja uma redução do volume das chuvas e do caudal dos rios. EFE

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