Líderes mundiais evitam ligar assassinato de deputada britânica a plebiscito
Mobilizados contra a saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE), líderes de França, Alemanha e EUA condenaram o assassinato da deputada britânica Jo Cox, pró-Europa. Realizadas em tom solene, as declarações foram neutras e evitaram usar o crime em favor da campanha pelo “Remain” (“Permanecer” em inglês), mesmo diante das dificuldades nas últimas pesquisas de opinião que deram vantagem ao “Brexit” (termo para a saída da Grã Bretanha do bloco).
O anúncio da tentativa de assassinado de Jo já havia provocado uma onda de choque nas principais capitais europeias como Paris, Berlim e Bruxelas. Horas depois, a confirmação da morte da parlamentar reforçou o desconforto das autoridades em relação ao plebiscito. A votação não era desejada por líderes como o presidente da França, François Hollande, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, mas era um desejo do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron. Com o aumento do risco de vitória do “Leave” (“Deixar” em inglês) na consulta, marcada para o próximo dia 23, o mal-estar vem crescendo na Europa.
Diante do crime, entretanto, os estadistas europeus optaram por uma posição mais sóbria. Em nome de Hollande, o Palácio do Eliseu publicou nota manifestando a “profunda emoção” do presidente, e “ao povo britânico, chocado por essa notícia, ele (Hollande) reitera sua total solidariedade”, pondera o documento. Para o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, o “ideal democrático foi atacado”.
Em Berlim, Merkel pediu o “urgente esclarecimento” das circunstâncias do crime, “não quero, de nenhum modo, ligar o que ocorreu ao plebiscito sobre a permanência da Grã-Bretanha na UE”.
Em visita à Dinamarca, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que já fez campanha pela manutenção dos vínculos atuais entre Londres e Bruxelas, lamentou a perda de uma líder política com “um talento imenso”, dizendo tratar-se de “um ataque contra todos aqueles para quem a democracia importa e nela acreditam”, apontou, em pronunciamento ao lado do primeiro-ministro dinamarquês, Lars Rasmussen.
As últimas pesquisas de opinião na Grã-Bretanha indicam a consolidação da tendência de vitória do “Brexit”. Nas duas últimas sondagens, publicadas na última quinta-feira (16), pelos institutos Ipsos Mori e Survation, a tendência é similar. O primeiro indica 53% dos britânicos favoráveis ao Brexit, enquanto o segundo mostra 52%.
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