Lynch toma posse como procuradora-geral fortalecida por investigações na Fifa

  • Por Agencia EFE
  • 17/06/2015 17h05

Washington, 17 jun (EFE).- A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, chegou nesta quarta-feira à sua cerimônia de posse fortalecida pela atuação no escândalo de subornos na Fifa e com a promessa de preservar a segurança nacional, proteger o ciberespaço e melhorar a relação entre a polícia e as minorias.

“Temos grandes desafios pela frente, mas a nossa força é transformar os grandes desafios em grandes oportunidades. Muitos de nossos maiores avanços em igualdade de direitos ou em direitos humanos ocorreram após uma perda dilaceradora”, declarou Lynch, a primeira procuradora-geral negra do país.

Após quase dois meses no posto, Lynch jurou o cargo de maneira formal no prestigiado Warner Theatre, no centro de Washington, e perante a juíza Sonia Sotomayor, que também fez história como a primeira latina a chegar à Suprema Corte.

O presidente dos EUA, Barack Obama, se encarregou de presidir a posse da “advogada dos americanos”, a qual descreveu como “dura, mas justa, e firme, mas bondosa”.

Em 1990, Lynch passou a integrar a procuradoria federal do distrito leste de Nova York. À frente do órgão, primeiro entre 1999 e 2001 e, depois, entre 2010 e 2015, ela combateu o crime organizado, as gangues populares, o terrorismo, a corrupção pública e ganhou fama quando processou dois policiais que agrediram sexualmente o imigrante haitiano Abner Louima.

Ao se tornar uma das principais assessoras de seu antecessor Eric Holder, Lynch ganhou proximidade com o governo, foi indicada por Obama para o cargo e finalmente pôde ser confirmada após cinco meses de bloqueio republicano no Congresso.

Com a promessa de reforçar os laços entre a polícia e as minorias do país, Lynch não demorou nem uma semana para se reunir com a família do jovem negro Freddie Gray, morto sob custódia policial em Baltimore (Maryland), cidade impactada por distúrbios e fortes tensões raciais.

Após abordar estes novos casos de violência policial, Lynch comandou a Justiça americana contra cinco dos maiores bancos do mundo, que terão que pagar em conjunto uma multa de mais de US$ 5,700 bilhões por manipularem durante cinco anos o câmbio de divisas em nível internacional.

“Ela já marcou presença aqui em casa e no exterior devido ao seu implacável foco na missão principal do Departamento de Justiça: proteger o povo americano”, ressaltou Obama, que, apesar de ter evitado se pronunciar publicamente sobre a investigação contra vários dirigentes da Fifa, apoia Lynch.

Empenhada na luta contra a corrupção na Fifa, Lynch acusou em maio 14 pessoas de participarem de uma rede de corrupção que operou durante 24 anos, que descreveu como “rompante, sistemática e profundamente enraizada” e que supostamente influenciou na escolha de Rússia e Catar como sedes das próximas edições da Copa do Mundo.

A investigação, que continua em andamento, teve grande repercussão midiática e serviu para aumentar notavelmente a popularidade da procuradora-geral em nível mundial, principalmente entre os torcedores de futebol.

“Com apenas seis semanas no cargo já começou a construir seu legado”, disse a número 2 do Departamento de Justiça, Sally Yates, uma das pessoas de confiança e amiga pessoal de Lynch.

Aproveitando sua nomeação de maneira oficial, Lynch abriu uma conta no Twitter (@LorettaLynch), que já conta com mais de 8,5 mil seguidores e na qual postou uma foto da Bíblia que utilizou para o juramento e que pertenceu a Frederick Douglass, ativista pelos direitos dos negros.

Lynch já havia jurado o cargo no final de abril diante do vice-presidente dos EUA, Joseph Biden, e voltou a fazê-lo como procuradora-geral número 83 em cerimônia de quase duas horas com seus novos companheiros no Departamento de Justiça.

O ritmo da cerimônia foi ditado pelo coral da Morgan State University, localizada em Baltimore (Maryland); assim como pela orquestra DEA Black and Gold Pipes and Drums, que usou gaitas para prestar uma homenagem à nova procuradora, cujo sobrenome é de origem irlandesa. EFE

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