Malásia investiga vínculo terrorista com o avião que segue desaparecido

  • Por Agencia EFE
  • 09/03/2014 10h03
EFE Familiares aguardam angustiados por informações sobre Boeing que sumiu entre a Malásia e a China

Jordi Calvet.

Bangcoc, 9 mar (EFE).- As equipes de resgate continuam neste domingo a busca do avião da Malaysia Airlines que desapareceu ontem nas águas do Golfo da Tailândia com 239 pessoas a bordo enquanto as autoridades averiguam um possível envolvimento de redes terroristas.

Agências de inteligência de vários países participam de uma investigação que se centra em esclarecer uma mudança de rumo que o avião realizou sem que o piloto a comunicasse nem enviasse uma mensagem de alerta e na presença de passageiros com passaportes falsos.

A polícia e unidades antiterrorismo analisam as imagens de um circuito fechado de televisão do aeroporto de Kuala Lumpur nas quais aparecem duas pessoas que embarcaram no voo MH370 com passaportes roubados.

“Temos imagens deles desde a área de check-in até a de embarque e saída”, disse em entrevista coletiva o diretor-geral do departamento de Aviação Civil, Azharuddin Abdul Rahman, segundo o jornal “The Star”.

O italiano Luigi Marald e o austríaco Christian Kozel aparecem na lista de 227 passageiros que viajavam de Kuala Lumpur a Pequim no sábado, mas nenhum dos dois se encontrava na Malásia nesse dia.

Marald teve o passaporte roubado há um ano na Tailândia, onde está agora, e Kozel se encontra na Áustria e, como o primeiro, teve o passaporte roubado na Tailândia dois anos antes, segundo comprovaram as autoridades.

Os dois impostores compraram as passagens com destino a Copenhague via Pequim da China Southern Airlines – companhia com o fim do voo da Malaysia Airlines estava vinculado – em uma única operação realizada com moeda tailandesa, informou o canal “CNN”.

Azaruddin também declarou que cinco passageiros do voo MH370 não embarcaram e que suas bagagens foram retiradas da carga sem dar mais explicações.

O ministro de Defesa malaio, Hishammuddin Hussein, disse que também se suspeita da identidade de outros dois passageiros, enquanto a agência oficial chinesa “Xinhua” informou que o número de um dos passaportes da lista de voo é de um chinês que se encontra na província de Fujian.

O nome que aparece no documento é diferente ao do titular desse número, que assegurou a “Xinhua” que seu passaporte jamais foi roubado nem o tinha perdido.

“Revisaremos todos os protocolos de segurança e os reforçaremos se for necessário porque por enquanto não sabemos as causas do acidente”, disse o primeiro-ministro malaio, Najib Razak.

A investigação também procura determinar porquê o avião deu meia volta antes de desaparecer, tal como mostraram os radares, segundo disse o chefe das Forças Aéreas, o general Rodzali Dawoud.

“Estamos tentando encontrar um sentido (para manobra) que possamos corroborar nos radares (…) No entanto, não houve nenhum sinal ou ligação de emergência do piloto, o que nos deixa igualmente intrigados”, afirmou Rodzali.

O ministro da Defesa disse que as autoridades estudam todas as possíveis razões para um giro deste tipo, sem descartar a de um ataque terrorista.

“O desaparecimento do MH370 não é algo que possamos encarar superficialmente e não podemos descartar nenhuma possibilidade. As agências de inteligência de países relevantes foram informadas e compartilharemos a informação à medida que a investigação avance”, destacou Hishammuddin.

Já o inspetor geral da polícia malásia, Khalid Abu Bakar, evitou atribuir o fato a um ataque terrorista, embora não tenha descartado esta opção.

Os Estados Unidos enviaram uma equipe de especialistas do Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) junto com técnicos da Boeing e da Administração Federal de Aviação (FDA) para ajudar na investigação.

Também viajarão para Malásia agentes do FBI, que participa da investigação porque viajavam cidadãos americanos a bordo do avião (três, segundo a companhia aérea) e não descarta o terrorismo nem nenhuma outra causa.

Após corroborar a manobra do avião as autoridades ampliaram a área de busca nas águas do Golfo da Tailândia em uma operação na qual participam 22 aviões e 40 embarcações de Malásia, Vietnã, Cingapura e Indonésia.

Hishammuddin confirmou a presença de manchas de óleo no mar entre Malásia e Vietnã, mas ressaltou que, por enquanto, não se encontrou nenhum resto do avião.

A imprensa local e redes sociais divulgaram hoe imagens de manchas de óleo e supostos restos do B-777 no mar feitas por um passageiro chinês de outro voo da Malaysia Airlines que aterrissou de manhã em Kuala Lumpur procedente de Pequim.

As imagens mostram escombros flutuando no mar a cerca de 90 minutos de voo do aeroporto malaio, segundo o site “Malaysia Insider”.

O voo MH370 decolou de Kuala Lumpur às 00h41 do sábado (hora local, 13h41 de sexta-feira de Brasília) e deveria chegar a Pequim seis horas mais tarde.

As autoridades de Aviação Civil malaias indicaram que sua última posição no radar antes que se perdesse o sinal foi às 01h30 do sábado (12h30 de sexta-feira em Brasília).

A Malayisa Airlines tinha informado inicialmente que a torre de controle de tráfego aéreo de Subang perdeu o contato com o avião às 02h40.

O piloto do 777 é um malaio de 53 anos de idade e com 18.365 horas de voo de experiência, que ingressou na Malaysia Airlines em 1981, segundo dados da própria companhia.

O diretor-geral da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, disse que porão aviões da companhia à disposição das famílias para que viajem até Kuala Lumpur.

“Nossa prioridade neste momento é cuidar das famílias”, ressaltou. EFE

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