Marcha indígena entra em Quito enquanto sindicatos preparam greve nacional

  • Por Agencia EFE
  • 13/08/2015 02h18

Quito, 13 ago (EFE).- A marcha de indígenas equatorianos, que partiu há dez dias do sudeste do país, chegou na tarde desta quarta-feira a Quito após percorrer mais de 700 quilômetros e amanhã se unirá a uma greve nacional convocada pelos sindicatos contra o governo do presidente Rafael Correa.

Os indígenas entraram pelo sul da capital e, custodiados por policiais, chegaram ao parque El Arbolito, onde permanecerão até que o Executivo dê respostas a sua reivindicações, segundo advertiram vários de seus dirigentes.

Sindicatos e indígenas exigem retificações ao governo de Correa, que hoje mesmo classificou como “fracasso” esses protestos.

A passeata indígena também foi recebida por grupos de simpatizantes do governo sob gritos de “Fora golpistas”, em resposta a um coro dos opositores que frequentemente gritam “Fora Correa”.

No trajeto não houve maiores incidentes, uma vez que a polícia, que caminhou junto à manifestação indígena, impediu distúrbios nos lugares onde os manifestantes se encontraram com os governistas.

As reivindicações dos manifestantes incluem o arquivamento de um projeto de emendas constitucionais que permitem a reeleição indefinida e que, segundo a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), uma das organizadoras dos protestos, atenta “contra a democracia, a plurinacionalidade e os direitos dos trabalhadores”.

Além disso, os indígenas exigem a derrogação de uma Lei de Águas, o arquivamento de um projeto normativo sobre a propriedade da terra, o restabelecimento de um sistema de “educação intercultural bilíngue” e o livre ingresso às universidades.

Por sua vez, a Frente Unitária de Trabalhadores (FUT) finaliza os detalhes para a greve nacional convocada para amanhã e que, segundo seus dirigentes, se estenderá por todo o país, embora se estime que o grosso do protesto se concentre em Quito.

Messias Tatamuez, um dos dirigentes da FUT, declarou à imprensa que os protestos não buscam desestabilizar o governo nem “fazer o jogo da direita”, como disse Correa.

O líder sindical, pelo contrário, se perguntou como em um governo “que se diz revolucionário” sejam os banqueiros e grandes empresários os que ganham mais, enquanto no povo “ainda há pobreza”.

A presidente da Assembleia Nacional, a governista Gabriela Rivadeneira, admitiu em entrevista à Agencia Efe que o governo pode ter cometido erros.

Mas enfatizou que são injustificados os protestos contra um governo que melhorou a condição de vida dos equatorianos, principalmente dos setores mais pobres da sociedade.

Rivadeneira fez uma chamada ao “diálogo” a todos os setores populares, mas assinalou que há grupos de oposição que não aceitam essa alternativa e que estão empenhados em “gerar o caos”.

Por sua parte, o presidente Correa, em seu retorno esta noite de Paramaribo, onde participou dos atos de posse de seu colega do Suriname, Desi Bouterse, minimizou o protesto operário e indígena contra seu governo.

“A greve vai ser um fracasso, assim como a marcha indígena”, afirmou Correa em entrevista coletiva, embora tenha admitido que amanhã será uma jornada de “um grande desafio” para o governo e para o país.

Segundo o governante, os opositores “vão tentar gerar violência”, alegando que “esses são os riscos porque (os críticos) não têm alternativa porque não têm apoio popular”. EFE

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