Missão africana quer ir à Lua para colocar continente no mapa científico
Marcel Gascón.
Johanesburgo, 11 jan (EFE).- Enviar a primeira missão africana à Lua para colocar o continente no mapa da pesquisa científica, oferecer a seus habitantes seus benefícios e promover entre seus jovens a matemática, a física e a ciência espacial é o objetivo da Fundação para o Desenvolvimento do Espaço (FSD, na sigla em inglês).
Para conseguir isso, a Fundação – que tem sua sede na África do Sul – já iniciou a primeira fase do projeto: arrecadar dinheiro para que instituições especializadas de todo o continente definam, até novembro deste ano, os detalhes técnicos e os objetivos científicos do projeto.
“Ninguém espera que a África possa contribuir para a exploração científica, mas quanto mais trabalharmos neste sentido mais gente no continente assumirá a ideia de que a África é capaz e pode sair dos problemas que temos agora”, explicou à Agência Efe o diretor da FSD, Jonathan Weltman.
A iniciativa, que tem o nome Africa2Moon (África para a Lua), poderia vencer o desafio de enviar uma missão à Lua em cerca de dez anos, embora os primeiros passos para isto serão dados em universidades e centros de estudo de todo o continente no mesmo momento em que o plano estiver em execução.
A Africa2Moon quer criar, com um desafio concreto, ambicioso e atrativo, necessidades que forcem o desenvolvimento dos organismos dedicados à ciência espacial, à física e à matemática que existem no continente.
Além disso, pretende oferecer aos melhores cérebros africanos uma razão para ficar ou voltar a trabalhar em casa.
“As tecnologias espaciais como a comunicação por GPS, a monitoração do clima e da agricultura, não podem ser tratadas em escala nacional. Os benefícios de qualquer progresso serão continentais”, afirmou Weltman sobre um dos argumentos para apoiar o pan-africanismo do projeto.
Weltman também aponta para o problema da chamada fuga de cérebros nos países do continente, onde muitos profissionais e cientistas emigram para Europa e Estados Unidos ou, frequentemente, para a África do Sul, um país com melhores universidades e economia desenvolvida.
É por isso que a FSD insiste em que a “Africa2Moon” não deve ser um programa meramente sul-africano ou das potências espaciais continentais como Nigéria – que tem junto com a África do Sul a única agência espacial da África Subsaariana -, Egito e Tunísia.
Por isso, os promotores do projeto não propõem a criação de um centro científico localizado em um ponto concreto da geografia africana, mas o aproveitamento dos que já funcionam e o início de novas infraestruturas para responder ao desafio da missão pan-africana à Lua.
“Na África já existem as condições para construir a sonda. No continente são construídos satélites e aparelhos espaciais”, disse Weltman em relação a um dos três requisitos desta missão à Lua para poder se somar aos trabalhos de potências como Rússia, China, Europa e Estados Unidos em ciência espacial.
No entanto, o continente ainda não conta com os outros dois: a capacidade de construir o míssil que lance a sonda e uma infraestrutura de onde se faça o lançamento.
Por isso, o desenvolvimento de conhecimentos e infraestrutura para construir o míssil e lançá-lo é um dos grandes desafios do Africa2Moon, que agora pede doações individuais e de entidades privadas mas que, quando a primeira fase for concluída, prevê solicitar financiamento de governos e instituições públicas.
A FSD espera encontrar na União Africana – organismo que contempla há anos o estabelecimento de uma agência espacial africana – um parceiro para uma proposta que quer pôr a África para trabalhar “ombro a ombro com os outros continentes”. EFE
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