Mogherini visita Ucrânia para impulsionar negociações de paz com rebeldes
Boris Klimenko.
Kiev, 16 dez (EFE).- A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, chegou nesta terça-feiraq à Ucrânia em sua primeira visita ao país em uma tentativa de garantir a atual trégua no leste e promover o reatamento das negociações de Minsk.
Mogherini disse antes de viajar para Kiev que não tinha muitas ilusões, mas que “há um frágil raio de esperança” de que as autoridades e os separatistas pró-Rússia se sentem para negociar antes de terminar o ano.
Mogherini ressaltou após a primeira reunião em Bruxelas do Conselho de Associação UE-Ucrânia que as negociações de Minsk e a implementação dos acordos de paz alcançados na capital de Belarus serão o foco de suas reuniões hoje e amanhã na capital ucraniana.
A chefe da diplomacia europeia, que se reunirá com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, garantiu que a UE nunca reconhecerá a anexação russa da península da Crimeia, e que em breve novas sanções serão impostas por causa dela.
Poroshenko destacou hoje que nesta noite não aconteceu nenhuma violação por parte das milícias rebeldes da trégua declarada há uma semana, e que por isso chegou a hora de cumprir o plano de paz.
A trégua indefinida declarada em 9 de dezembro completou hoje uma semana sem que se tenham havidoações militares destacadas, mas a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) mantém que a linha de separação continua sendo muito perigosa e que o risco de uma nova escalada do conflito não desapareceu.
Tanto Kiev como os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk expressaram interesse em retomar as negociações sobre a retirada do armamento pesado de uma zona de segurança de 30 quilômetros de largura.
No entanto, os insurgentes querem também abordar em Minsk a suspensão do embargo econômico de Kiev às zonas rebeldes, como a suspensão dos serviços bancários -o que impede o recebimento de pensões – e a evacuação da administração pública.
A respeito da retirada do armamento pesado, o chefe do Estado-Maior do Exército ucraniano, Víctor Muzhenko, assegurou que Kiev retirará seu armamento pesado quando a cessação das hostilidades for total.
“Se hoje registramos cinco, seis, oito ou dez ataques diários, isso significa o não cumprimento do cessar-fogo”, disse Muzhenko, que estimou que haja até dez mil soldados russos desdobrados em território ucraniano.
Kiev também defendeu uma nova reunião do mais alto nível com a participação de Poroshenko e do presidente russo, Vladimir Putin.
“Estávamos dispostos às negociações, mas eles as abortam”, assegurou Aleksandr Kofman, chefe da diplomacia da autoproclamada república popular de Donetsk, que considerou “isolados” os incidentes com disparos.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou hoje a Ucrânia de se negar a abordar os problemas econômicos que afetam os enclaves rebeldes, o que teria motivado o atraso na convocação as negociações em Minsk.
Ao mesmo tempo, em entrevista à imprensa francesa, assegurou que, segundo a OSCE, a trégua tem sido respeitada e os incidentes são menores, o que torna necessário dar o passo seguinte para cumprir os acordos de paz.
Além disso, negou que no leste da Ucrânia pode haver “uma segunda Crimeia, já que essa foi uma exceção”.
A “Rússia respalda a integridade territorial da Ucrânia. Ponto”, disse.
Poroshenko abordou hoje a situação no leste da Ucrânia em um telefonema com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, e aplaudiu a lei aprovada pelo Congresso americano que autoriza o envio de armamento letal à Ucrânia, que poderia ser assinada esta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Poroshenko também pediu hoje ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que Bruxelas aumente a ajuda financeira à Ucrânia, ameaçada por uma moratória, como reconheceu o governo semana passada. EFE
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