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Alemanha reconhece que cometeu genocídio na Namíbia durante colonização

A Alemanha admitiu nesta sexta-feira, 28, que cometeu genocídio durante a colonização da Namíbia no início do século XX. O reconhecimento foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Heiko Mass, que também anunciou um apoio financeiro ao país africano de mais de € 1,1 bilhão. O valor será concedido ao longo de três décadas por meio de investimentos em infraestrutura, saúde e programas de treinamento que beneficiem as comunidades afetadas. “À luz da responsabilidade histórica e moral da Alemanha, pediremos perdão à Namíbia e aos descendentes das vítimas. Agora vamos nos referir oficialmente a esses eventos como o que são da perspectiva de hoje: genocídio”, disse ele. A Organização das Nações Unidas (ONU) define genocídio como uma série de atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Estima-se que dezenas de milhares de hererós e namas, o que equivale a 80% dessas populações, morreram durante os massacres realizados sob ocupação alemã entre 1884 e 1915. Os assassinatos começaram após uma rebelião dessas duas etnias contra as apreensões de suas terras e gado. Os poucos sobreviventes foram colocados em campos de concentração, onde eram escravizados, explorados sexualmente ou usados como objetos de experimentação médica. Alguns restos mortais foram utilizados como parte de uma pesquisa, agora desacreditada, para tentar provar a superioridade dos europeus brancos.

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A Alemanha deve assinar uma declaração reconhecendo sua responsabilidade por esses crimes no mês que vem, durante uma cerimônia na capital Windhoek. É esperado que, nessa ocasião, o presidente Frank-Walter Steinmeier viaje até a Namíbia para se desculpar oficialmente. A emissora de televisão britânica BBC aponta que, apesar da decisão ter sido vista como um passo importante, algumas autoridades do país africano defendem que as medidas não são suficientes para cobrir o “dano irreversível” causado durante a colonização. Fontes ligadas a agência de notícias Reuters disseram ainda que líderes tradicionais consideraram uma espécie de traição o fato da Namíbia ter aceitado esse acordo com a Alemanha. O reconhecimento do genocídio dos hererós e namas acontece um dia depois do presidente Emmanuel Macron admitir a responsabilidade da França sobre o extermínio de tutsis e hutus em Ruanda.

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