Biden recebe Trump na Casa Branca e diz que a transição será ‘o mais tranquila possível’
O convite de Biden restabelece uma tradição que Trump quebrou quando perdeu as eleições de 2020, ao se recusar a encontrar com o democrata e a comparecer à cerimônia de posse
“Bem-vindo de volta”, disse Joe Biden nesta quarta-feira (13) em tom cortês a Donald Trump durante uma reunião entre os dois ex-adversários na Casa Branca. Após um aperto de mãos com o presidente em fim de mandato no Salão Oval, Trump, que foi o 45º presidente e logo será o 47º presidente dos Estados Unidos, afirmou que a transição será “o mais tranquila possível”.
Os ex-adversários se sentaram junto à lareira e fizeram breves declarações antes do início da reunião, à qual compareceram seus respectivos chefes de gabinete: Jeff Zients por Joe Biden, Susie Wiles por Donald Trump. “Faremos tudo o que pudermos para garantir que você tenha tudo o que precisa”, disse Biden, após parabenizá-lo.
“A política é dura e, em muitos casos, não é um mundo muito agradável. Hoje é um mundo agradável, e eu aprecio muito isso”, comentou Trump, que ocupou o Salão Oval de 2017 a 2021. Biden convidou seu ferrenho rival republicano após a derrota eleitoral da vice-presidente Kamala Harris na semana passada, apesar de Trump não ter feito o mesmo com ele há quatro anos.
Uma situação embaraçosa para o democrata, que sabe que a nova administração pode desmantelar grande parte de seu legado. Biden chamou Trump de ameaça para a democracia e era o adversário do republicano na disputa pela presidência até que um desempenho desastroso em um debate eleitoral obrigou o democrata a desistir da corrida em julho. O encontro tem um gosto amargo para o democrata e é uma revanche para o republicano. A primeira-dama Jill Biden entregou uma carta de felicitações para a esposa de Trump, Melania, que se ausentou sem dar explicações.
Antes da reunião, o magnata conversou com um grupo de republicanos, a quem mencionou a hipótese de voltar a se candidatar à Casa Branca, algo proibido pela Constituição dos Estados Unidos. “Suspeito que não voltarei a me candidatar a menos que vocês digam: ‘Ele é bom, temos que fazer outra coisa”, disse Trump.
Além da reunião na Casa Branca, ele também visitará o Capitólio, onde em janeiro de 2021 centenas de simpatizantes de sua candidatura tentaram impedir a certificação da vitória de Biden. E ele chega a Washington DC em uma posição de força: seu partido retomou o controle do Senado dos democratas e está muito próximo de confirmar a maioria na Câmara dos Representantes.
Tradição
O convite de Biden restabelece uma tradição que Trump quebrou quando perdeu as eleições de 2020, ao se recusar a encontrar com o democrata e a comparecer à cerimônia de posse. O ex-presidente Barack Obama recebeu Trump na Casa Branca quando o magnata venceu as eleições de 2016. Quando Trump deixou a Casa Branca em 20 de janeiro de 2021, muitos republicanos o criticaram por ter incitado uma multidão antes do ataque ao Capitólio. Contudo, o período durou pouco e os republicanos voltaram a ficar ao seu lado, em parte devido à sua capacidade de mobilizar eleitoralmente o movimento de direita que o levou novamente ao poder.
Trump começa seu segundo mandato com o controle quase total sobre o partido. Ele passou a semana posterior às eleições em sua mansão da Flórida, formando a equipe de governo. Entre as últimas nomeações, destaca-se o homem mais rico do planeta, Elon Musk, como chefe de uma nova “comissão de eficiência governamental”, juntamente com o empresário Vivek Ramaswamy. Este último prometeu na rede X que a dupla não medirá palavras.
Durante a campanha, Musk sugeriu que a comissão poderia fazer cortes de até 2 trilhões de dólares no orçamento federal, um montante superior aos orçamentos combinados de Defesa, Educação e Segurança Nacional. Por enquanto, ele acompanhará Trump em diversos eventos agendados para esta quarta-feira. O cargo mais importante anunciado até o momento é o de chefe da diplomacia, para o qual Trump escolheu o senador da Flórida Marco Rubio, segundo a imprensa americana. O congressista Michael Waltz, um ex-oficial das forças especiais, será o conselheiro de Segurança Nacional.
Os dois têm opiniões belicistas sobre a China, mas não são considerados isolacionistas, apesar das ameaças anteriores de Trump de abandonar ou romper com a Otan. Também foi confirmado que a governadora Kristi Noem (Dakota do Sul) comandará o Departamento de Segurança Interna, crucial por identificar e desarticular ameaças à segurança, proteger aduanas e fronteiras, gerenciar a migração e responder a desastres naturais. Ela trabalhará ao lado de Tom Homan, o novo “czar das fronteiras”.
*Com informações da AFP
Publicado por Carolina Ferreira
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