Boris Johnson afirma que não vai renunciar ao cargo de primeiro-ministro
Premiê enfrenta crise no governo e 39 funcionários de alto escalão, incluindo mais da metade dos ministros, já se demitiram
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou nesta quarta-feira, 6, que não vai renunciar ao cargo mesmo diante da crise no Reino Unido e após mais das metades dos ministros deixarem o cargo e outros 24 funcionários do alto escalão debandaram do governo. “Eu realmente não acho que ninguém neste país queira que os políticos se dediquem a uma campanha eleitoral agora”, declarou a um grupo formado por presidentes das diferentes comissões parlamentares, descartando a possibilidade de convocar eleições antecipadas. “O trabalho de um primeiro-ministro em circunstâncias difíceis, quando você recebeu um mandato colossal, é continuar e é isto que vou fazer”, disse Johnson durante a sessão semanal de perguntas na Câmara dos Comuns. As demissões começaram a acontecer depois que o premiê nomeou o ex-secretário Christopher Pincher, acusado de assédio sexual, para um cargo importante. Em menos de 24 horas, foram 39 demissões.
O governo de Johnson está cada vez mais cercado pelos escândalos que o acompanha desde o “partygate”, as festas em Downing Street durante as restrições sanitárias da pandemia de Covid-19, ao financiamento irregular da reforma da residência oficial. O primeiro-ministro sobreviveu no início de junho a um voto de desconfiança, uma iniciativa de rebeldes do partido para tentar afastá-lo do poder. Apoiado por 211 dos 359 deputados conservadores, Johnson conseguiu permanecer no cargo, mas os 148 votos contra ele deixaram evidente o descontentamento interno. As regras do partido estabelecem que este procedimento não pode ser repetido durante 12 meses, mas muitos conservadores querem uma mudança para voltar a tentar a manobra contra Johnson.
Segundo a imprensa local, vários nomes do Executivo, incluindo sua até então defensora incondicional Priti Patel, ministra do Interior, foram a Downing Street para dizer que Johnson perdeu o apoio de seu Partido Conservador e que não pode continuar. Este novo capítulo da crescente crise política no Reino Unido começou na terça-feira, 5, quando os ministros da Saúde, Sajid Javid, e das Finanças, Rishi Sunak, anunciaram quase ao mesmo tempo os respectivos pedidos de demissão. “De boa fé, devemos pedir a você, para o bem do partido e do país, que se afaste”, escreveram cinco deles em uma carta conjunta de renúncia. Eles foram seguidos por mais de 30 integrantes do governo, de menor escalão, em uma sangria que prosseguiu nesta quarta-feira com secretários de Estado.
*Com informações da AFP
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