Brasil assume presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU
Embaixador Ronaldo Costa Filho pretende promover a segurança alimentar posta em crise pela guerra na Ucrânia e debater as consequências dos conflitos armados sobre as crianças
O Brasil assumiu nesta sexta-feira, 1, a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) no mês de julho. O embaixador brasileiro, Ronaldo Costa Filho, é o representante que estará à frente e pretende promover a segurança alimentar posta em crise pela guerra na Ucrânia. Em entrevista coletiva, Costa apresentou o programa de trabalho mensal e reconheceu que o Conselho pecou pela inação desde a invasão russa à Ucrânia – que acontece desde o dia 24 de fevereiro – porque prevaleceu uma lógica de culpa e acusações cruzadas, algo que o Brasil quer reverter com “ações concretas para avançar”. O embaixador afirmou que discussões, promovidas pela Turquia, estão sendo realizadas com Rússia e Ucrânia, sob a égide do secretário-geral António Guterres, que decorrem “com discrição”, para encontrar soluções para a escassez premente de cereais no mundo, já que os dois países estão entre os maiores produtores e ambos bloquearam a venda de grãos, o que levou a um aumento exponencial dos seus preços em todos os países.
Costa esperar que haja progresso nessas tratativas para levar a questão ao Conselho. Além de trabalhar para evitar a insegurança alimentar, ele também espera promover um debate sobre as consequências dos conflitos armados sobre as crianças, enfocando os problemas da falta de proteção daquelas que foram deslocadas ou refugiadas, os mecanismos de adoção de menores durante esses conflitos e sua posterior reinserção social. Temas habituais do Conselho – Síria, Líbia, Iêmen, o conflito palestino, Haiti e Líbano, entre outros – também farão parte do menu de discussão do Conselho durante este mês de julho sob a presidência do Brasil.
Quando perguntado se o país traria para a agenda a eventual reforma do órgão máximo da ONU para torná-lo mais representativo, o embaixador disse que o Brasil “há muito que defende que o Conselho se adapte à nova realidade do mundo”, e que essa reforma “urgente” deve levar em conta as economias emergentes, ainda que tenha demonstrado não alimentar esperanças: “Falamos sobre o assunto há 30 anos”, comentou. Em seguida, ao ser questionado por que não constava na agenda a luta contra o tráfico de pessoas – especialmente após a morte de 53 pessoas em um caminhão em San Antonio, no Texas – ou o desmatamento da Amazônia como fator de agravamento das mudanças climáticas, o embaixador brasileiro reconheceu a gravidade de ambos os fenômenos, mas afirmou que o Conselho não é o órgão adequado para tratá-los.
*Com informações da EFE
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