Câmara quer ouvir autor da denúncia contra Trump

O delator é do setor de inteligência do governo americano. Processo de impeachment foi aberto contra o republicano após a revelação de conversas com o presidente da Ucrânia, onde Trump pede para que se investigue o filho de seu rival político

  • Por Jovem Pan
  • 30/09/2019 20h24 - Atualizado em 30/09/2019 20h34
EFE/EPA/SHAWN THEW Câmara dos Deputados dos Estados Unidos deve ouvir delator de Trump no caso que resultou em seu pedido de impeachment

O inquérito de impeachment da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos sobre o presidente Donald Trump, provocado após um pedido do líder americano para que a Ucrânia investigasse um rival político, deve se intensificar nesta semana com depoimentos de testemunhas a respeito de alegações feitas por um delator do setor de inteligência do país.

O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, o democrata Adam Schiff, disse no domingo que o autor da denúncia contra o presidente deverá ser ouvido “muito em breve” pelo comitê, sem especificar quando.

A denúncia cita uma conversa telefônica de 25 de julho na qual Trump pediu ao presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, para investigar Joe Biden, um dos pré-candidatos democratas favoritos para desafiá-lo em 2020, e seu filho, Hunter, que fez parte do conselho de uma empresa de gás da Ucrânia.

Democratas acusaram Trump de pressionar um aliado vulnerável dos EUA para obter informações comprometedoras sobre um adversário político e obter uma vantagem pessoal. O telefonema de 25 de julho ocorreu depois de Trump congelar quase US$ 400 milhões em ajuda concebida para auxiliar a Ucrânia a lidar com uma insurgência de separatistas apoiados pela Rússia no leste do país. A ajuda foi concedida mais tarde.

A Comissão de Inteligência da Câmara, de maioria democrata, está comandando o inquérito de impeachment, que pode levar à aprovação de “artigos de impeachment” contra o presidente republicano e a um julgamento subsequente no Senado, de maioria republicana, para se decidir se Trump deve ser retirado do cargo.

Embora o Congresso esteja em um recesso de duas semanas, membros da comissão retornarão ao Capitólio nesta semana para levar adiante a investigação que provavelmente produzirá novas intimações por documentos e outros materiais.

A comissão agendou para sexta-feira uma audiência a portas fechadas com o inspetor-geral da comunidade de Inteligência, Michael Atkinson, que concluiu que a queixa do delator era um assunto urgente e parecia crível.

O primeiro depoimento que os investigadores da Câmara devem ouvir é o de duas pessoas mencionadas na denúncia do delator.

Enquanto os democratas seguem adiante com o processo, uma nova pesquisa de opinião divulgada pelo canal CBS News mostrou que, pela primeira vez, mais da metade dos americanos entrevistados – 55% – afirmou que apoia o inquérito de impeachment.

A mudança de cenário, com uma maioria apoiando uma investigação que pode levar à destituição do presidente, é preocupante para a Casa Branca, que até agora vinha se baseando no argumento de que os americanos eram contra destituir Trump.

*Com informações do Estadão Conteúdo 

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