China promete reação militar se Nancy Pelosi visitar Taiwan

Presidente da Câmara de Representantes dos EUA está viajando pela Ásia; ida da deputada ao território pode causar conflito entre os países

  • Por Jovem Pan
  • 02/08/2022 10h54
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NAZRI RAPAAI / MALAYSIA DEPARTMENT OF INFORMATION / AFP nancy pelosi taiwan Presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, acenando ao sair do Parlamento após uma reunião com autoridades da Malásia em Kuala Lumpur

A China advertiu mais uma vez os Estados Unidos nesta terça-feira, 2, que uma possível visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes americana, à Taiwan, vai ter uma reação militar imediata. “Estados Unidos carregarão a responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e a segurança da China”, disse à imprensa a porta-voz da diplomacia da China, Hua Chunying. Pequim considera a ilha parte de seu território que deve ser reunificado, inclusive pela força se necessário, e advertiu que vai encarar uma visita de Pelosi à ilha como uma provocação. O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, afirmou que o “abuso de confiança dos Estados Unidos sobre a questão de Taiwan é desprezível”, em um comentário publicado no site do ministério e que não menciona Pelosi.

A presidente da Câmara de Representantes americana está de viagem pela Ásia e desembarcou nesta terça na Malásia, onde se reuniu com o primeiro-ministro e o presidente da Câmara dos Deputados, na segunda etapa de sua viagem pelo continente, depois de passar por Singapura. O itinerário inclui escalas na Coreia do Sul e Japão, mas a perspectiva de uma visita a Taiwan continua chamando a atenção. Em um comunicado, Pelosi afirmou: “Estamos comprometidos com um amplo leque de discussões sobre a maneira de alcançar nossos objetivos comuns e tornar segura região do Indo-Pacífico”. A vista de Pelosi à ilha ainda é incerta, uma vez que ela não afirmou e nem declinou a possibilidade. Se concretizar, a deputada seria a principal autoridade americana a visitar Taiwan desde Newt Gingrich, então presidente da Câmara de Representantes, em 1997.

Entretanto, vários meios de comunicação de Taiwan citaram os comentários do vice-presidente do Parlamento da ilha, Tsai Chi-chang, de que uma visita de Pelosi é “muito provável” nos próximos dias. O jornal taiwanês Liberty Times citou fontes não identificadas que teriam afirmado que ela desembarcaria na ilha na terça-feira à noite, com uma reunião no dia seguinte com a presidente Tsai Ing-wen. Embora a Casa Branca enfrente uma situação delicada com a viagem, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que Pelosi “tem o direito” de visitar Taiwan. “Não há motivo para que Pequim transforme uma possível visita, coerente com a política americana há tempos, em uma crise”, insistiu.

No final de julho, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, conversaram por videoconferência. Na ocasião, o chinês pediu ao líder americano para não “brincar com fogo” em relação ao “status” de Taiwan. Segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, o presidente Xi disse a Biden que “aqueles que brincam com fogo acabam se queimando”, acrescentando que “espero que o lado americano entenda isso”. Em resposta, Biden respondeu que a “política dos EUA não mudou” e que o país “se opõem, energicamente, aos esforços unilaterais para mudar o ‘status quo’, ou minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”. Segundo um relatório do serviço de inteligência dos EUA, caso a visita ocorra, a China está pronta para possíveis demonstrações de força militar que poderiam incluir o lançamento de mísseis no Estreito de Taiwan ou incursões de “grande escala” no espaço aéreo taiwanês. Contudo, o ministério da Defesa de Taiwan afirmou nesta terça-feira que o território está “decidido, capaz e confiante” de que conseguirá proteger a ilha das crescentes ameaças da China.

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