Conheça os candidatos à vice-presidência dos EUA, que participarão de debate hoje
Com Joe Biden à frente nas pesquisas, Kamala Harris e Mike Pence se confrontarão hoje (7) no único debate entre vices durante a campanha eleitoral; veja o perfil e o histórico de cada um
Nesta quarta-feira, 7, a partir das 22h (horário de Brasília), será realizado o único debate entre os candidatos à vice-presidência dos Estados Unidos. O confronto televisionado terá uma hora e meia de duração e será dividido em nove blocos temáticos, cujos assuntos não são divulgados previamente. Durante o evento, que acontecerá na Universidade de Utah, a democrata Kamala Harris e o republicano Mike Pence estarão separados por uma barreira de acrílico e 3,7 metros de distância. As medidas de segurança sanitárias serão maiores que as adotadas no primeiro debate entre os candidatos à presidência Joe Biden e Donald Trump, visto que o atual presidente dos Estados Unidos testou positivo para a Covid-19 no dia 2, logo após o encontro com o seu concorrente.
Tradicionalmente, o debate entre os candidatos à vice-presidência é visto como um evento de menor importância na corrida eleitoral. Porém, este ano o interesse pelo confronto tem se mostrado maior do que em eleições passadas. Independentemente dos resultados das eleições em novembro, os Estados Unidos terão o presidente mais velho de sua história: Biden tem 77 anos e Trump, 74. Dessa forma, tanto Harris quanto Pence precisam demonstrar competência para assumir o governo do país caso isso seja necessário. Além disso, ambos são escolhas naturais em seus respectivos partidos para concorrer as eleições de 2024 – dessa forma, eles tentarão, desde já, deixar uma impressão positiva nos eleitores.
Quem é Kamala Harris?
Kamala Harris, 55 anos, é notoriamente conhecida por se sair bem em debates. Filha de imigrantes da Jamaica e da Índia, a dupla de Joe Biden nasceu na Califórnia, se formou em direito e realizou muitos feitos inéditos. Ela foi a primeira mulher e a primeira pessoa afro-americana a ocupar o cargo de promotora de São Francisco, em 2003 e, depois, de procuradora-geral da Califórnia, em 2010. Nessa época, ela deu início a um programa que visa reduzir a reincidência em crimes através da edução e da reinserção no mercado de trabalho. Além disso, criou uma organização que investiga crimes cometidos contra crianças e adolescentes da comunidade LGBTQIA+. Seis anos depois, ela foi a primeira mulher com descendência asiática e a segunda mulher negra a fazer parte do Senado dos Estados Unidos. Enquanto ocupava o cargo, Harris criticou fortemente as pautas do presidente Donald Trump, em especial suas políticas de migração e sua tentativa de acabar com o programa Obama Care, que expandiu o acesso à saúde no país.
Em 2019, ela chegou a tentar ser a candidata à presidência do Partido Democrata. Na ocasião, ela inclusive criticou o seu atual parceiro Joe Biden que, em 1970, se opôs a dar um fim à segregação racial no transporte escolar. Suas principais pautas eram a prevenção da violência contra as armas de fogo, o combate ao aquecimento global, o aumento do salário mínimo e a expansão de um sistema de saúde universal. Harris acabou desistindo da empreitada em dezembro, mas já tinha chamado atenção suficiente para que Biden a convidasse para ser sua vice, mesmo tendo sido atacado por ela no passado. É dessa forma que ela chegou à possibilidade de se tornar a primeira vice-presidente mulher e negra dos Estados Unidos. Até pouco tempo, sua participação na campanha eleitoral foi tímida, com discursos para públicos pequenos e participações em eventos virtuais. Porém, com seu histórico de promotora, a expectativa é que ela de destaque no debate de hoje, quando deve tentar convencer os eleitores a votarem contra mais quatro anos de governo Trump através de comentários sobre as tensões raciais e a gestão da pandemia do novo coronavírus. Espera-se que ela chame atenção das mulheres e da expressiva comunidade afro-americana.
Quem é Mike Pence?
O atual vice-presidente dos Estados Unidos costuma se autodefinir como “um cristão, um conservador e um republicano”. Descendente de imigrantes irlandeses, Mike Pence, 61 anos, se formou em Direito e perdeu as duas primeiras eleições que disputou, em 1988 e 1990. A derrota pode ter sido influenciada pelas polêmicas que envolveram sua candidatura: ele utilizou parte das doações de campanha em gastos pessoais, o que, na época, não era uma prática ilegal. De qualquer maneira, diante desse insucesso, Pence passou a trabalhar como apresentador em emissoras de rádio e televisão até finalmente entrar para o Congresso dos Estados Unidos, em 2000.
Em seus doze anos ocupando um assento na Câmara dos Representantes, o vice-presidente não aprovou nenhum dos seus 90 projetos de lei e resoluções. No entanto, o período foi importante para que ele se estabelecesse dentro do movimento Tea Party, uma ala radical do Partido Republicano. Em 2012, ele disputou e venceu as eleições para governador de Indiana, estado onde nasceu. Um dos momentos mais marcantes de seu mandato foi quando ele aumentou as restrições à prática do aborto e determinou que os fetos deveriam ser cremados ou enterrados independente do estágio em que a gravidez foi interrompida – mesmo no caso de um aborto espontâneo. Outro foi a sanção de uma legislação considerada discriminatória contra a comunidade LGBTQIA+: a lei garantia o direito de qualquer pessoa professar sua fé livremente, mas abria brechas para que se negasse a prestação de serviços a casais homossexuais. O texto acabou sendo alterado após a polêmica.
Como vice-presidente de Donald Trump, Mike Pence permaneceu de certa forma nos bastidores, saindo em missões diplomáticas e tratando assuntos com o Congresso. Mesmo tendo sido designado, em fevereiro deste ano, para comandar a política de combate ao novo coronavírus, Pence ficou na maior parte do tempo à sombra das declarações e comportamentos polêmicos do atual presidente dos Estados Unidos. No início da pandemia, uma de suas recomendações era que as pessoas rezassem. Mais tarde, com o aumento do número de casos, ele começou a defender o uso de hidroxocloroquina para o tratamento da doença, baseando-se em estudos preliminares. Recentemente, ele foi criticado por não usar máscara em aparições públicas, assim como Trump. De uma maneira geral, ele possui o perfil mais tradicional de um membro do Partido Republicano. Devido ao seu comportamento educado, comedido e religioso, acredita-se que Pence pode atrair as atenções dos norte-americanos mais conservadores ou que costumam frequentar a igreja. Para o debate desta noite, sua principal tarefa é mostrar competência, calma e compaixão – qualidades que muitos consideram faltar em Trump –, além de defender o seu candidato à presidência.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.