Copilota de avião que caiu no Nepal perdeu marido da mesma forma em 2006

Anju Khatiwada tinha feito o treinamento de piloto com o dinheiro que recebeu do seguro após a morte do cônjuge; ela possuía mais de 6.400 horas de voo e conhecia a rota em que o acidente aconteceu

  • Por Jovem Pan
  • 17/01/2023 11h24 - Atualizado em 17/01/2023 11h28
PRAKASH MATHEMA / AFP mulher morre da mesma forma que o marido no nepal (1) Corpos das vítimas de queda de avião no Nepal começam a ser entregues aos familiares

Anju Khatiwada, a copilota do avião que caiu no Nepal no domingo, 15, morreu da mesma forma que seu marido em 2006. Em 2010, quatro anos após perder seu cônjuge, ela ingressou na Yeti Airlines do Nepal para seguir os passos do amado – mesma empresa em que Dipak Pokhrel trabalhava. “Ela conseguiu o treinamento de piloto com o dinheiro que recebeu do seguro após a morte do marido”, disse o porta-voz da companhia aérea Sudarshan Bartaula. “O marido dela, Dipak Pokhrel, morreu em 2006 na queda de um avião Twin Otter da Yeti Airlines em Joomla”, acrescentou. Pokhrel morreu após o avião de pequeno porte que pilotava cair poucos minutos antes de pousar. Os restos mortais de Khatiwada ainda não foram identificados, porém, as autoridades perderam esperança de encontrar sobreviventes. O acidente, o mais mortal na região do Himalaia em 30 anos, deixou ao menos 70 mortos. 72 pessoas estavam a bordo da aeronave, sendo 68 deles passageiros e quatro tripulantes.

Khatiwada possuía mais de 6.400 horas de voo e já tinha voado a popular rota turística da capital , Katmandu, para a segunda maior cidade do país, Pokhara, disse a companhia aérea Sudarshan Bartaula. Essa foi a rota realizada no domingo em que o avião caiu. “No domingo, ela estava pilotando o avião com um piloto instrutor, que é o procedimento padrão da companhia aérea”, disse um funcionário da Yeti Airlines, que conhecia Khatiwada pessoalmente. “Ela estava sempre pronta para assumir qualquer tarefa e voou para Pokhara mais cedo”, disse o funcionário, que pediu para não ser identificado porque não está autorizado a falar com a mídia. Desde 2000, cerca de 350 pessoas morreram em acidente de avião ou helicóptero no Nepal. O lugar abriga oito das 14 montanhas mais altas do mundo, sendo uma delas o Everest. Mudanças repentinas no clima podem criar condições perigosas de voo.

 

Nesta terça-feira, 17, os hospitais do nepal começaram a entregar às famílias os corpos das vítimas da queda do avião. Segundo Chhetri, oito corpos já foram entregues às famílias, e 14 serão submetidos à necropsia, em Pokhara. Outros 48 serão transferidos para Katmandu, para que se faça testes de DNA e seja possível entregá-los às suas famílias. Desde o acidente, as equipes de resgate trabalham sem trégua para recuperar os restos mortais das vítimas entre os fragmentos do avião, a fuselagem e os assentos incinerados no fundo do precipício, a cerca de 300 metros de profundidade. Até esta terça-feira, 70 corpos dos 72 foram recuperados, disse o policial AK Chhetri. “Encontramos um corpo ontem à noite. Mas eram três pedaços. Não temos cer teza se são três corpos, ou apenas um. Isso será confirmado mais tarde com um teste de DNA”, explicou. “As buscas pelos corpos desaparecidos foram retomadas. Hoje, mobilizamos quatro drones para isso e ampliamos o raio de busca para três quilômetros, em vez de dois”, acrescentou. Ainda não se sabe a causa do acidente, mas um vídeo divulgado nas redes sociais mostrou como o avião girou bruscamente para a esquerda, ao se aproximar do aeródromo, enquanto se ouvia uma forte explosão.

*Com informações da Reuters e AFP

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