Covid-19: OPAS defende que todos os países tenham acesso a vacinas

Segundo o órgão, capacidade de pagamento ‘não deve prevalecer’

  • Por Jovem Pan
  • 19/05/2020 16h54 - Atualizado em 19/05/2020 17h07
Tânia Rêgo/Agência Brasil vacina Ao ser questionada sobre a "imunidade de rebanho", organização declarou que essa não é a estratégia recomendada nem pela OMS, nem pela OPAS

Em coletiva de imprensa virtual realizada nesta terça-feira (19), a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) defendeu que, quando a vacina contra o novo coronavírus estiver pronta, todos os países devem ter acesso, independente de suas capacidades de pagamento. O brasileiro Jarbas Barbosa, diretor adjunto da organização, afirmou que a vacina poderá estar pronta para ser fabricada dentro de um ano.

“Neste momento, temos mais de 100 projetos de desenvolvimento de vacinas. Alguns já começaram testes em humanos, alguns já concluíram a primeira fase dos ensaios em humanos, que é a fase 1. Ou seja, pode-se ter como resultado dessa cooperação global uma vacina que talvez em um ano esteja disponível para ser fabricada. A OPAS quer garantir que os países da região tenham acesso quando estiver disponível. […] É muito importante, como um dos pilares de nossa organização, a solidariedade”, afirmou.

Cloroquina

Com relação ao uso da hidroxicloroquina ou da cloroquina, Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da OPAS, esclareceu que não há nenhuma prova que indique ser recomendável o uso contra a Covid-19.

“Não temos resultados dos ensaios clínicos que sugiram a eficácia desses dois remédios. […] Acabamos de atualizar um documento e não há evidências de que sejam eficazes contra a Covid-19. O uso deles é decisão de cada país, mas nossas recomendações são muito claras: de que não devem ser utilizados. E, de fato, há estudos que apontam para uma alta taxa de efeitos secundários, como problemas cardiológicos”, disse.

Espinal ressaltou que é importante que os países transmitam uma mensagem consistente, em consonância com as recomendações da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS), para evitar que a população se confunda sobre quem deve escutar.

Imunidade de rebanho

Ao ser questionado sobre a “imunidade de rebanho” defendida por alguns países, Sylvain Aldighieri, Gerente de Incidentes do organismo, declarou que essa não é a estratégia recomendada nem pela OMS, nem pela OPAS.

“Os eixos e a estratégia de resposta se baseiam na detecção dos casos, o isolamento desses casos, a identificação dos contatos (daquelas pessoas que estiveram em contato com infectados), a quarentena deles, o manejo clínico para salvar vidas, e a implementação das medidas de saúde pública, com todas as suas etapas. Esse é o caminho que temos que seguir, não é buscar uma imunidade de rebanho. Na verdade, não gostamos dessas palavras, que não se aplicam ao ser humano”, afirmou Aldighieri.

O especialista também falou sobre a importância de reforçar a prevenção e o controle da Covid-19 em populações vulneráveis.

“Estamos falando de pessoas vulneráveis, de povos indígenas, não somente na região Amazonas, mas também nos Andes, na América Central. Além dos afrodescendentes, que são minoria em alguns países. São populações muito vulneráveis por diferentes razões. […] Existe o risco de que o vírus se propague para as comunidades mais remotas através de rios e estradas no Amazonas. Nesse momento, temos diferentes pontos críticos e queria falar sobre a tríplice fronteira entre Brasil, Peru, Colômbia, onde estamos vendo uma tendência ascendente com uma alta taxa reprodutiva da covid-19. Devemos considerar os povos indígenas como populações vulneráveis e implementar medidas de prevenção e controle para protegê-los”, concluiu.

* Com informações da Agência Brasil

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.