Cúpula do G20 discute sobre pandemia, economia e meio ambiente

Neste final de semana, as vinte maiores economias do mundo ressaltaram o papel do multilateralismo e da cooperação internacional para a recuperação global da crise causada pela Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 22/11/2020 19h50
EFE/EPA/G20 RIYADH SUMMIT HANDOUT Este ano, a reunião da cúpula do G20 foi sediada pela Arábia Saudita, apesar de ter acontecido de maneira virtual

Neste final de semana, a reunião anual da cúpula do G20 aconteceu pela primeira vez de forma virtual. Apesar do caráter online, o evento foi sediado pela Arábia Saudita, que possui a presidência rotativa do grupo atualmente. Entre sábado e domingo, 21 e 22, os chefes de governo das 20 maiores economias do mundo se encontraram em videoconferência para discutir como deve acontecer a recuperação global no pós-pandemia. Os temas abordados foram, de maneira geral, voltados para a crise causada pela pandemia de coronavírus, a economia e o meio ambiente. As conclusões da cúpula, que existe há 12 anos, foram divulgadas em um comunicado oficial. “Estamos comprometidos em liderar o mundo na formação de uma era pós-Covid-19 forte, sustentável, equilibrada e inclusiva”, diz o texto.  O grupo também afirmou que o contexto provocado pela pandemia exige, mais do que nunca, “uma ação global coordenada, solidariedade e cooperação multilateral entre os países”. Confira os principais destaques a seguir:

Pandemia de coronavírus

Os líderes das maiores economias do mundo fizeram uma espécie de mea culpa em relação à demora para coordenar o combate à pandemia do novo coronavírus assim que as primeiras notícias sobre a doença começaram a surgir. A percepção é de que houve falhas porque cada país agiu por si. Por isso, cresceu o tom de que é preciso atuar em conjunto, daqui para frente, para superar a crise da Covid-19. A União Europeia pediu que o grupo disponibilizasse cerca de US$ 5 bilhões para compra de vacinas para os países mais pobres. Mais tarde, em comunicado conjunto, os integrantes do G20 se comprometeram a fornecer os fundos restantes para a Covax, iniciativa na Organização Mundial da Saúde (OMS) na qual as nações de média e alta renda financiam os países mais pobres para que estes também recebam doses da futura vacina contra a doença. Ainda são necessários US$ 28 bilhões em financiamento, mas US$ 4,2 bilhões precisam ser doados antes do final do ano.

Economia

A nota divulgada pela cúpula do G20 também reiterou o compromisso já assumido pelo grupo de suspensão da dívida dos países mais pobres até junho de 2021, ignorando assim o pedido feito pelas Nações Unidas de que o prazo fosse estendido até o final do ano que vem. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, parabenizou a decisão das nações de suspensão temporária do pagamento das dívidas, o que, segundo ela, ajudará na redução sustentável de déficits fiscais. No entanto, Georgieva concordou com as Nações Unidas ao dizer que as autoridades globais devem evitar retirar iniciativas de alívio fiscal de forma prematura. A cúpula, então, afirmou que no ano que vem os ministros de finanças do grupo avaliarão se uma nova extensão da suspensão de dívidas será necessária. Fora isso, não foram apresentadas outras medidas para aliviar a situação das nações menos favorecidas. O G20 reconheceu que a reabertura das economias após a primeira onda da Covid-19 levou a uma recuperação da economia, mas também considerou que essa retomada representa um alto risco, visto que uma segunda onda de infecções já é vista em diferentes partes do mundo. O texto divulgado pela cúpula conclui que apenas o controle total do novo coronavírus pode trazer uma recuperação efetiva da economia, sendo o “fator chave” para que ela se materialize.

Sustentabilidade e meio ambiente

A cúpula do G20 desse ano também reforçou que a pauta ambiental é um dos grandes desafios da atualidade. A visão do grupo é de que a recuperação da economia global no pós-pandemia deve incluir o cuidado ambiental em seu espectro. A Arábia Saudita se comprometeu a a produzir 50% de sua energia a partir das fontes eólica e solar até 2030. O Japão, na sequência, enfatizou o anúncio feito no mês passado de que o governo quer reduzir a meta de emissão líquida para zero até 2050. A Austrália, por sua vez, aproveitou a ocasião para relatar que o país baniu a exportação de lixo plástico. Já a Índia mencionou que o país não só já atingiu a meta do Acordo de Paris, como a superou. Dessa forma, os discursos dos líderes globais estavam, em sua maioria, em concordância, dando suporte à batalha contra os desafios ambientais de maior urgência, como a mudança climática e a perda de biodiversidade. Nesse sentido, destacou-se apenas a fala do presidente Donald Trump, que afirmou que o Acordo de Paris não atende as necessidades dos Estados Unidos e que as críticas feitas ao país sobre a temática do meio ambiente são “muito injustas”.

*Com Estadão Conteúdo e EFE

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