‘Depender da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia’, diz Macron

A França pretende aumentar em 40% as suas áreas de cultivo de plantas ricas em proteínas, o que romperia com a sua dependência dos preços, relações comerciais e políticas ambientais brasileiras

  • Por Bárbara Ligero
  • 12/01/2021 17h48 - Atualizado em 12/01/2021 18h27
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Reprodução Twitter EmmanuelMacron Emmanuel Macron tem sido um dos líderes europeus que mais criticam as políticas ambientais do presidente Jair Bolsonaro

O presidente da França, Emmanuel Macron, relacionou a devastação da floresta amazônia com o cultivo de soja no Brasil. Em declaração à imprensa nesta terça-feira, 12, ele levantou ainda a importância da Europa ter sua própria produção do grão. “Continuar dependendo da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia. Somos coerentes com nossas ambições ecológicas, estamos lutando para produzir soja na Europa”, explicou. A afirmação foi feita cerca de um mês depois do governo francês e dos setores agrícolas se comprometerem a aumentar em 40% as áreas de cultivo destinadas a plantas ricas em proteínas no prazo de três anos. O objetivo é que depois essa quantidade seja dobrada em um prazo maior de dez anos. “Nós precisamos da soja brasileira para viver? Então nós vamos produzir soja europeia ou equivalente”, disse Macron.

A ideia de aumentar a produção de soja e outros grãos na França existe pelo menos desde 2019, quando o presidente falou durante a Feira Agrícola que desejava “trazer um ambicioso plano de proteínas à escala do continente europeu”. Desde a década de 1960, as proteínas vegetais são majoritariamente importadas das Américas, enquanto o amido consumido na França vem da própria Europa. No caso da soja, milhões de toneladas em grãos ou farelo são importados a cada ano, principalmente do Brasil, para alimentar os rebanhos europeus. A relação torna a França, assim como outros países da União Europeia, dependentes dos preços, relações comerciais e políticas ambientais brasileiras.

Esse terceiro ponto, especificamente, tem sido bastante criticado por Macron desde as queimadas na Amazônia em 2019. Na ocasião, o presidente da França chamou o fogo que corria pela floresta de “crise global” e defendeu que os países que compõem o G7Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – deveriam debater sobre o assunto. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, rebateu as críticas acusando Macron de ter uma “mentalidade colonialista descabida no século 21”.

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