Uganda bloqueia Whatsapp, Facebook e Twitter dois dias antes das eleições
Este ano, o presidente Yoweri Musevani, conhecido por ter declarado a sua intenção de proibir a prática de sexo oral no país, concorre com o ator e músico Bobi Wine, liberal e 38 anos mais novo
O governo de Uganda ordenou nesta terça-feira, 12, que todos os provedores de internet do país bloqueiem o acesso às redes sociais e aos aplicativos de mensagem mais populares, incluindo o Whatsapp, o Facebook e o Twitter. A medida foi implementada 48 horas antes das eleições presidenciais no país e deve durar até “novo aviso”, de acordo com uma carta que teria sido escrita pela diretora executiva de Comissão de Comunicações de Uganda, Irene Kaggwa Sewankambo, e vazada pela imprensa local. Apesar da autenticidade da carta ainda não ter sido confirmada, usuários de todo o país reportaram interrupções constantes na conexão desde manhã. Como Uganda é um país de população jovem – 80% tem menos de 30 anos -, as redes sociais possuem um peso considerável na opinião pública sobre os candidatos à presidência.
Na próxima quinta-feira, 14, o presidente conservador Yoweri Musevani, 76 anos, terá como principal concorrente nas urnas o famoso músico e ator Bobi Wine, 38 anos, que deixou a carreira artística para mergulhar na política. No poder desde 1986, Musevani busca a reeleição pela sexta vez e já conquistou as manchetes internacionais por suas colocações polêmicas. Entre outras medidas, ele implementou sentenças severas a “atos homossexuais” e afirmou ter a intenção de proibir a prática de sexo oral que, segundo ele, faz com que as pessoas adeptas contraiam vermes. “A boca é para comer”, ele disse em 2018. Bobi Wine, por outro lado, chega na política com a promessa de uma Uganda “nova e livre onde qualquer um pode estar em desacordo com quem estiver no poder”.
Nos últimos dias, as contas de funcionários do governo e membros dos partidos de Uganda foram encerradas pelo Facebook, que os acusou de interferência no debate público antes das eleições presidenciais. A conta do presidente Yoweri Museveni, porém, não foi retirada da rede social. Os acontecimentos no país africano fomentam o debate sobre a responsabilidade das empresas de tecnologia pelo conteúdo que é veiculado em suas plataformas e também sobre intervenções dos governos nessas redes.
*Com informações da EFE
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