Eleições nos EUA: Veja a situação dos estados onde Trump abriu processos judiciais

Negando-se a reconhecer a vitória projetada de Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos abriu processos e fez pedidos a seis estados do país; compreenda o cenário de cada um

  • Por Bárbara Ligero
  • 15/11/2020 11h00
EFE/EPA/SHAWN THEW Donald Trump, que fez poucas aparições públicas nos últimos dias, continua defendendo que houve fraude eleitoral através das suas redes sociais

Apesar da mídia norte-americana já ter projetado a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump ainda não reconheceu sua derrota e tem feito uma série de acusações de fraude eleitoral. Algumas delas se materializaram em processos judiciais, concentrados principalmente no Arizona, na Geórgia, no Michigan, em Nevada, na Pensilvânia e em Wisconsin, estados-chave para cravar o vencedor da disputa. Até agora, o presidente já teve pelo menos três pedidos negados, enquanto no mínimo quatro ações ainda estão sendo analisadas pelas autoridades responsáveis. Saiba como está a situação de cada estado onde estes processos foram abertos.

Arizona

Em entrevista à emissora de televisão Fox nesta quarta-feira, 11, o procurador-geral do Arizona, Mark Brnovich, rejeitou as acusações do presidente Donald Trump de que teria havido fraude eleitoral no estado. O oficial da Justiça, que é do partido republicano, afirmou que tudo indica “que Joe Biden vencerá no Arizona”, já que “não há fatos que levem alguém a acreditar que os resultados das eleições vão mudar”. A maioria dos veículos de mídia norte-americanos já projetaram a vitória do democrata no estado, já que 49,4% das 99% de cédulas apuradas foram favoráveis a ele. Trump está atrás com uma margem de diferença de 10 988 votos. A campanha do presidente entrou com um processo judicial no condado de Maricopa, o maior centro populacional do Arizona, alegando que “até milhares” de votos foram invalidados ilegalmente. No entanto, Brnovich afirmou à Fox que o número de votos questionáveis seriam “menos de 200” e, portanto, insuficientes para garantir uma virada de Trump. De acordo com o jornal local Arizona Republic, a justiça começará a analisar o caso oficialmente nesta quinta-feira, 11. Estão em jogo 11 votos no colégio eleitoral.

Geórgia

Mark Brnovich não é o único oficial eleitoral republicano que rejeita as acusações de fraude levantadas por Trump. Na quarta-feira, 11, durante uma coletiva de imprensa, o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, manteve-se firme no posicionamento de que não houve irregularidades na apuração. Porém, o republicano garantiu que será feita uma recontagem manual dos quase cinco milhões de votos para que não existam dúvidas sobre o resultado das eleições. Na sexta-feira, 13, a NBC News, o The New York Times e o The Washington Post projetaram a vitória de Joe Biden no estado, que representa 16 delegados, com 49,5% dos votos. Na prática, a diferença entre ele e Donald Trump é de apenas 14.102 cédulas. A campanha do presidente chegou a abrir um processo contra o condado de Chatham alegando que votos inválidos haviam se misturado com votos válidos, mas o pedido foi rejeitado logo em seguida por falta de provas.

Michigan

O processo mais recente da campanha republicana foi aberto na terça-feira, 11, em Michigan, que concede 16 pontos no Colégio Eleitoral. O objetivo da ação é impedir que o estado anuncie oficialmente os resultado eleitorais, sob a alegação de que houve falta de acesso de observadores no condado de Wayne e fraude durante a contagem dos votos nas urnas da cidade de Detroit. Enquanto esses casos ainda estão em aberto, uma outra ação do partido já foi negada. No dia 4, argumentando que os observadores não estavam conseguindo acompanhar a apuração adequadamente, o presidente pediu a interrupção da contagem de votos, o que não aconteceu. O porta-voz do Departamento de Estado de Michigan, Jake Rollow, afirmou em comunicado que todas as alegações são falsas e tem como objetivo “minar a confiança do público” nas eleições realizadas no estado, que na verdade “foram conduzidas de maneira justa, segura e transparente”. Segundo os principais veículos de mídia norte-americanos, Joe Biden venceu no estado com 50,6% dos votos e abriu uma vantagem significativa em relação a Donald Trump: foram 146 121 cédulas a mais, uma diferença dificilmente reversível.

Nevada

Ainda que represente apenas 6 delegados, Nevada também foi alvo de processos judiciais. Republicanos alegaram que a eleição no condado de Clark foi “manchada por irregularidades” e pediram a interrupção da apuração, mas a ação foi indeferida por não apresentação de provas. É esperado que a campanha de Donald Trump ainda acuse Nevada de ter recebido mais de 10 mil votos depositados ilegalmente por pessoas que não moram no estado. O jornal The Wall Street Journal, no entanto, alega que muitos dos votos em questão foram feitos, na verdade, por militares que estão servindo no exterior ou fora do estado, o que os tornariam legais. Ainda assim, a desconsideração dessas cédulas não seriam suficientes para reverter a vitória de Joe Biden, que possui 50,2% da preferência e uma vantagem de 35 361 votos.

Pensilvânia

Por conceder 20 votos no Colégio Eleitoral, a Pensilvânia é o atual estado mais valioso da disputa eleitoral e, portanto, o com maior incidência de ações questionando a apuração. Além de uma série de processos contra conselhos eleitorais de condados específicos, o presidente Donald Trump pediu a invalidação de cédulas enviadas pelo correio que chegaram até três dias depois do dia oficial das eleições, 3 de novembro, e a não oficialização dos resultados no estado, alegando que os republicanos não tiveram acesso à contagem. Segundo a Pensilvânia, se o republicano tiver o primeiro pedido atendido, menos de 10 mil votos seriam anulados, sendo que Joe Biden é vitorioso com uma vantagem de 63 563 cédulas, de acordo com a The Associated Press. Sobre a segunda acusação, um comunicado emitido pelo escritório do governador democrata Tom Wolf na segunda-feira, 9, afirma que observadores eleitorais de todos os partidos puderam assistir ao processo e que “qualquer outra insinuação é uma mentira”.

Wisconsin

Sem especificar os motivos que levaram à sua acusação, o gerente de campanha de Donald Trump, Bill Stepien, afirmou que houve “irregularidades em diversos condados de Wisconsin”. Sem abrir nenhum processo judicial de grande relevância por enquanto, os republicanos pediram uma recontagem dos votos no estado, o que é um direito dos candidatos que possuem uma diferença menor que 1% do seu opositor. O processo já está acontecendo e deve ser finalizado até a próxima terça-feira, 17. Por enquanto, os dados da The Associated Press indicam que Joe Biden conquistou os 10 delegados de Wisconsin com 20 540 votos a mais que o presidente.

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