Em 24 horas, Israel bombardeia mais de 600 alvos em Gaza e mata quatro líderes e dezenas de combatentes do Hamas

Exército israelense expandiu suas operações terrestres no enclave; reflexos da guerra também são sentidos na Cisjordânia, em que mais de 100 pessoas já morreram desde o dia 7 de outubro

  • Por Jovem Pan
  • 30/10/2023 11h27 - Atualizado em 30/10/2023 11h55
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EFE/EPA/ALAA BADARNEH pessoas mortas por israel Enlutados carregam os corpos de dois dos quatro palestinos mortos durante ataques israelenses na cidade de Jenin, na Cisjordânia

Israel matou dezenas de combatentes do Hamas nesta segunda-feira, 30, durante confrontos noturnos na Faixa de Gaza. Segundo um comunicado militar, um caça atacou um edifício “com mais de 20 terroristas do Hamas em seu interior”. Um avião também bombardeou um ponto de lançamento de mísseis antitanques na área da Universidade de Al Azhar, local que fica no centro da cidade de Gaza e é um alvo dos ataques de Israel desde 7 de outubro. O Exército israelense afirmou que bombardeou mais de 600 alvos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, incluindo depósitos de armas, dezenas de posições de lançamentos de mísseis antitanque, além de esconderijos, e nesses ataques mataram dezenas de terroristas que estavam entrincheirados em edifícios e túneis e que tentaram atacar os soldados.

Segundo as forças israelenses, quatro líderes do grupo islâmico palestino Hamas foram mortos na Faixa de Gaza, entre eles um comandante das suas forças navais. “De acordo com o serviço de inteligência das Forças de Defesa de Israel e do Serviço de Inteligência Interna (Shin Bet), as tropas israelenses mataram quatro proeminentes milicianos do Hamas nas últimas horas”, informou hoje um comunicado militar. Os falecidos, segundo o comunicado, são Yamil Baba, comandante das forças navais do Hamas; Muhamad Safadi, comandante de uma unidade de mísseis antitanque; Muwaman Hiyazi, um destacado miliciano encarregado do lançamento de mísseis antitanque, e Muhamad Awdalah, um miliciano do “departamento de produção” do grupo islâmico. As mortos desses comandantes se somam as outros 11 que já foram abatidos desde o começo da guerra.

Nas últimas horas, o Exército israelense continuou expandindo as suas operações terrestres no enclave. Nesta segunda o conflito entrou em uma nova escalada com o anúncio de Israel de que suas tropas vão ampliar as operações terrestres em Gaza, além de intensificar os bombardeios. As forças terrestres de Israel já estão nos arredores da Cidade de Gaza depois de terem avançado a partir do leste da Faixa em direção ao seu interior. Os tanques israelenses chegaram à estrada de Salahedin, a principal artéria do enclave palestino e que o atravessa de norte a sul, e começaram a efetuar disparos. Na sexta-feira, o Exército israelense anunciou que estava expandindo as suas operações terrestres na Faixa e intensificou os bombardeios. A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro com o ataque do grupo islâmico palestino em território israelense, que deixou 1.400 mortos, mais de 5.400 feridos e 239 reféns que foram levados para Gaza. Desde então, o Exército israelense vem bombardeando Gaza em retaliação e, na sexta-feira, expandiu as operações terrestres, o que deixou mais de 8.000 mortos e mais de 20.000 feridos.

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Conflito na Cisjordânia

Para além do conflito na região de Gaza, a violência também está sendo vista na Cisjordânia. Ao menos quatro palestinos foram mortos nesta segunda em uma operação militar no campo de refugiados de Jenin, ao norte da Cisjordânia ocupada, onde já morreram 118 palestinos desde o início da guerra entre Israel e as milícias de Gaza há três semanas. O Ministério da Saúde palestino identificou os falecidos como Amir Abdullah Sharbaji, 25 anos; Nawras Bajawi, 28 anos; Weam Hanoun, 27 anos; e Musa Khaled Yayarin, 23 anos, todos atingidos por “balas da ocupação”. Segundo a imprensa palestina, Weam Hanoun é um dos líderes da Jihad Islâmica e fundador da Brigada Jenin, grupo armado que reúne todas as milícias de todas as ideologias presentes no campo e formado há pouco mais de um ano.

O campo de refugiados de Jenin é um dos redutos do movimento miliciano palestino na Cisjordânia e foi alvo de uma dura ofensiva militar israelense de três dias no último mês de julho. A agência de notícias oficial palestina “WAFA” informou que 100 veículos militares entraram na cidade junto com escavadeiras blindadas e que um drone israelense realizou um ataque aéreo durante os combates. As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, indicaram que estavam combatendo as forças israelenses que entraram na cidade, inclusive com a utilização de dispositivos explosivos. O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, confirmou hoje o ataque aéreo contra “vários terroristas armados” que estavam em confronto com suas tropas durante um ataque em Jenin.

Este ataque foi uma das várias operações realizadas pelas forças de segurança israelenses na noite passada, segundo o porta-voz militar, que detalhou que as tropas detiveram 51 suspeitos, dos quais 38 eram supostamente membros do Hamas. Este número, segundo o comunicado militar, eleva para 1.070 o número de palestinos detidos por Israel na Cisjordânia desde o início da guerra com o Hamas em Gaza. A Cisjordânia ocupada e Israel estão vivendo a sua maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-05) e, até agora em 2023, 320 palestinos já morreram, a maioria deles milicianos em confrontos armados com tropas e colonos israelenses, mas também civis, incluindo 72 menores de idade. Paralelamente, a área tem assistido à proliferação de novos grupos armados palestinos, que realizam cada vez mais ataques e causaram 33 mortes do lado israelense, a maioria deles colonos, cinco deles menores, e cinco militares.

*Com agências internacionais 

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