Em visita ao Iraque, Papa reza por vítimas da guerra e lembra sofrimento das mulheres

Pontífice realizou a missa na cidade de Mosul, destruída pelo Estado Islâmico, e conheceu a região de Qaraqosh, onde rezou o Angelus

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2021 12h19
EFE/ Alessandro Di Meo Papa Francisco realiza missa na cidade de Mosul, destruída pelo Estado Islâmico Papa Francisco em meio às ruínas da cidade de Mosul, no Iraque

O papa Francisco rezou neste domingo, 07, por todas as vítimas da guerra na devastada cidade de Mosul, no Iraque, um símbolo do horror jihadista, e recordou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no país, pelo qual faz uma visita de três dias. Na praça de Hosh al Bieaa, onde quatro igrejas cristãs estavam localizadas antes da destruição provocada pelos terroristas do Estado Islâmico, Francisco começou sua oração: “Se Deus é o Deus da vida, e é, não nos é lícito matar nossos irmãos e irmãs em seu nome”, disse. Em meio aos escombros e muros meio drenados, o pontífice, que encerra hoje a excursão pelo Iraque, continuou: “Se Deus é o Deus da paz, e é, não é lícito para nós fazer guerra em seu nome. Se Deus é o Deus de amor, e ele é, não é lícito para nós odiarmos nossos irmãos e irmãs”.

Diante da destruição brutal causada durante os anos em que o Estado Islâmico fez de Mosul a capital iraquiana de seu autoproclamado califado, o pontífice encerrou implorando o perdão de Deus por tudo o que aconteceu, enquanto confiava a ele “as muitas vítimas do ódio do homem contra o homem”. A esse respeito, o líder religioso, que foi aplaudido várias vezes, ouviu alguns testemunhos das atrocidades cometidas em Mosul durante a invasão do EI, que causou o êxodo de cerca de 500 mil pessoas, das quais 120 mil eram cristãs. Em 2013, havia cerca de 1,4 milhão de cristãos no país, e hoje eles estão entre 200 mil e 300 mil. Apenas 50% dos que fugiram durante a invasão jihadista voltaram para suas casas no Iraque.

“Aqui em Mosul as consequências trágicas da guerra e da hostilidade são evidentes demais. É cruel que este país, o berço da civilização, tenha sido atingido por uma tempestade tão desumanizante, com antigos lugares de culto destruídos e milhares e milhares de pessoas, muçulmanos, cristãos, yazidis e outros, expulsos à força ou mortos”, lamentou Francisco, que, no entanto, encerrou com uma mensagem de otimismo. “E deste lugar, que se tornou o símbolo do horror do terrorismo, lhes digo que a fraternidade é mais forte que o fratricídio, a esperança é mais forte que a morte, a paz é mais forte que a guerra”, afirmou.

Depois disso, o líder religioso se deslocou para Qaraqosh, onde rezou o Angelus. A oração aconteceu na Catedral da Imaculada Conceição, completamente reconstruída depois de ter sido queimada pelos jihadistas. Canções e crianças com flores nas mãos acompanharam a chegada de Francisco ao tempo, que ficou pronto há alguns meses. “Nosso encontro mostra que o terrorismo e a morte nunca têm a última palavra. A última palavra pertence a Deus e a seu filho, que venceu o pecado e a morte”, declarou aos fiéis. “Agora é o momento de reconstruir e recomeçar, confiando-vos à graça de Deus, que guia o destino de cada homem e de todos os povos. Vocês não estão sozinhos! Toda a Igreja está com vocês, através da oração e da caridade concreta”, acrescentou.

‘Que as mulheres sejam respeitadas e defendidas’

Em seu discurso à comunidade cristã de Qaraqosh, Francisco descreveu a sensação de, ao chegar de helicóptero, ter visto a estátua da Virgem Maria colocada acima da catedral e aproveitou para falar sobre as mulheres um dia antes do Dia Internacional da Mulher. “Eu lhe confiei (à Virgem Maria) o renascimento desta cidade. Nossa Senhora não só nos protege de cima, mas ela desce até nós com ternura materna. Esta imagem dela foi até danificada e pisoteada”, declarou o papa, que lembrou que muitas estátuas da Virgem foram destruídas pelo Estado Islâmico.

Depois, agradeceu “do fundo do coração” a todas as mães e mulheres iraquianas, das quais enalteceu a coragem diante de abusos e feridas. “Que as mulheres sejam respeitadas e defendidas”, pediu o religioso argentino em um lugar onde milhares de meninas e mulheres cristãs e yazidis foram mortas ou transformadas em escravas sexuais por terroristas.

*Com informações da EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.