Em Washington, Macron defende mais sincronia econômica com os EUA

No primeiro dia da viagem de Estado do presidente francês, ele lamentou as medidas econômicas ‘superagressivas’ adotadas por Joe Biden para impulsionar a indústria americana

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2022 05h51
EFE/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO Emmanuel Macron Presidente da França, Emmanuel Macron

Nesta quarta-feira, 30, Emmanuel Macron lamentou as medidas econômicas “superagressivas” adotadas por Joe Biden para impulsionar a indústria americana e pediu mais coordenação econômica de ambos os lados do Atlântico diante do risco de “dividir o Ocidente”. Esse foi o primeiro dia da viagem de Estado do presidente francês para comemorar os laços franco-americanos, e o chefe de Estado não escondeu a preocupação durante um almoço com parlamentares. “Os subsídios maciços incluídos por Biden em uma lei econômica e social chamada de Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês) são superagressivos para nossas empresas”, reclamou o presidente francês: “Não quero me tornar um mercado para os produtos americanos porque tenho exatamente os mesmos produtos que vocês. Tenho uma classe média que precisa trabalhar e pessoas que precisam encontrar trabalho. Talvez vocês resolvam o seu problema, mas vão piorar o meu com esse programa de investimentos maciços”.

“Ponham-se no meu lugar”, acrescentou Macron aos legisladores durante um almoço que deveria se concentrar na mudança climático e no qual pediu para “ser respeitado como um bom amigo”. A França vê com maus olhos o patriotismo econômico do presidente democrata, que segue o lema “Made in USA” (Fabricado nos EUA). Mais tarde, em um discurso na embaixada francesa em Washington, Macron insistiu que o programa de investimentos e subsídios americanos para ajudar suas empresas poderia ser um ponto crítico nas relações dos EUA com a Europa. Apesar de expressar seu apoio às metas ambientais do IRA, Macron disse que “essas são decisões que dividirão o Ocidente”, dizendo aos legisladores americanos que “o que aconteceu nos últimos meses foi desafiador” para a França.

O presidente francês assinalou que não “acredita” que haverá um passo atrás sobre essa lei considerada crucial pela Casa Branca, mas defendeu uma melhor sincronia entre os Estados Unidos e a Europa. A porta-voz de Joe Biden, Karine Jean-Pierre, reiterou a posição de Washington de que esta lei cria “oportunidades significativas para os negócios europeus e para a segurança energética europeia”. “A França é um aliado vital dos Estados Unidos”, afirmou a vice-presidente Kamala Harris horas antes ao dar boas-vindas a Macron na sede da Nasa.

A aliança com os Estados Unidos é “mais forte que tudo”, concordou Macron diante da comunidade francesa na embaixada da França depois de visitar o Cemitério Nacional de Arlington, onde depositou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido e colocou uma rosa branca na de Pierre Charles L’Enfant, o arquiteto francês que desenhou os planos da capital americana.

À noite, Emmanuel e Brigitte Macron se reuniram com o casal Joe e Jill Biden para um jantar íntimo, antes das cerimônias oficiais marcadas para esta quinta-feira, 1, na Casa Branca. Em setembro de 2021, os Estados Unidos anunciaram uma nova aliança, AUKUS, com Austrália e Reino Unido, irritando a França. Além de ser mantida à margem em uma região-chave do mundo, Paris perdeu, para os EUA, um bilionário contrato de venda de submarinos assinado com Camberra. Além do protecionismo comercial, Macron e Biden falarão nesta quinta-feira de temas como China e Ucrânia.

*Com informações da AFP

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