Especialista critica saída do governo Biden do Afeganistão: ‘Ineficiência e falta de planejamento’
Em entrevista ao Pânico, André Lajst afirmou que domínio do Talibã no país pode ser incentivo para grupos radicais: ‘É a volta de um momento sombrio’
Nesta segunda-feira, 16, o programa Pânico recebeu André Lajst, mestre especialista em Israel e Oriente Médio. Em entrevista, ele afirmou que o domínio do Talibã no Afeganistão pode significar a maior facilidade do financiamento de grupos radicais no Oriente Médio. “O impacto disso é uma volta de um momento sombrio na luta contra o terrorismo. Os grupos veem isso como um incentivo de continuar sua luta. O Hamas e a Al Qaeda veem isso e recebem incentivo. Campos de treinamento, dinheiro. Você está falando de um país, se eles têm dinheiro e são reconhecidos, vão negociar com outros países, vão ter crédito, receber dinheiro de impostos. Eles podem bancar grupos, mandar pessoas pra fora. Da mesma forma que o Irã tem isso, e o Estado Islâmico já dominou um local onde tinha petróleo. O Talibã agora com o Afeganistão, um país de 23 milhões de pessoas, vão ter recursos para mandar pessoas e para incentivar o terrorismo. É um retrocesso para toda a região, são 20 anos de guerra em vão.”
Durante a madrugada, viralizou um vídeo onde moradores de Cabul tentam se agarrar a asas de aviões em movimento para fugir do país. Sobre isso, o pesquisador diz se tratar de um momento que entrará para a história como símbolo de despreparo das autoridades estadunidenses no país. “O afegão médio um pouco religioso vai ter um monte de imposições extras feitas pelo talibã, qualquer reivindicação ou reclamação, ele pode sofrer consequências de punições. Esse vídeo vai entrar pra história como a imagem da ineficácia, ineficiência e falta de planejamento do maior poder do mundo no Afeganistão. Não é assim que se sai de um lugar onde você já tinha um grupo terrorista que dominava 70% do território.”
Lajst ainda avalia a possibilidade de que o Afeganistão passe por uma ocasião similar a da Síria na última década, com uma onda de refugiados ao redor do mundo. “A Síria tinha 17 milhões de pessoas e cinco milhões de refugiados. Podem voltar a acontecer novos ataques terroristas pelo mundo, dá incentivo e esperança para grupos e pessoas. Essa imagem, a imagem do país que tem o maior exército do mundo, incentiva grupos a acharem que irão vencer a guerra contra o ocidente. Implementar uma democracia num país onde nunca existiu isso é difícil. A gente está falando de liberdade de imprensa, educação. Eu não acho que o mundo vai abandonar o Afeganistão, mas acho que o Talibã vai dominar por um bom tempo no país, mas algumas políticas vão fazer diferentes, por medo de uma nova invasão.”
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.