Hamas parabeniza Talibã pela tomada de poder no Afeganistão e China pede ‘transição pacífica’

Grupo considerado como terrorista pelos Estados Unidos afirmou que insurgentes fundamentalistas foram ‘vitoriosos’ contra os EUA após décadas de guerra

  • Por Jovem Pan
  • 16/08/2021 14h54 - Atualizado em 16/08/2021 17h31
EFE/EPA/STRINGER soldados do talibã em cima de carro Soldados do Talibã tomaram Cabul no domingo

O movimento islâmico palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, parabenizou nesta segunda-feira, 16, os talibãs por terem tomado o controle da cidade de Cabul e grande de parte do Afeganistão. Eles consideraram o ocorrido como uma “vitória” contra os Estados Unidos após décadas de guerra. “Parabenizamos o movimento talibã e a sua corajosa liderança por esta vitória, que foi a conclusão da sua longa jihad (guerra santa) nos últimos 20 anos”, diz trecho do comunicado, que deseja “sucesso ao povo afegão muçulmano e à sua liderança na obtenção da unidade, da estabilidade e da prosperidade para o Afeganistão”, sublinhando que “a vitória vem apenas de Deus”. A organização palestina, que controla Gaza desde 2007, não se associou historicamente a grupos como o Talibã, que entrou em Cabul no domingo, 16, sem resistência e com quase todas as províncias do Afeganistão sob o seu controle.

Além do Hamas, a China enviou uma mensagem direta ao Afeganistão tentando incitar um clima “pacífico” na transição de poder. Em entrevista coletiva, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, evitou responder se Pequim já reconhece um governo dos insurgentes, mas disse que espera “responsabilidade” dos talibãs e pediu que eles adotem “um modelo de trabalho inclusivo com todas as partes” para “realizar uma transição pacífica” no Afeganistão. “A China espera que os talibãs respeitem as suas promessas de estabelecer, por meio de negociações, um governo islâmico aberto e inclusivo. Esperamos uma transição pacífica e o fim da violência e do terrorismo”, pontuou. Chunying frisou que os talibãs anunciaram “um processo de consulta” com diferentes grupos políticos e que “a China respeita o direito dos afegãos de decidir o próprio futuro”.

“Esta guerra já dura há mais de 40 anos. Pará-la e alcançar a paz é o que os afegãos, os países da região e a comunidade internacional querem”, analisou Hua, que sugeriu a participação de Pequim nos processos de reconstrução do país. De acordo com a representante da pasta, a embaixada chinesa no Afeganistão continua funcionando “normalmente” e a China pediu aos talibãs que garantam a segurança dos cidadãos chineses que decidirem permanecer no país. Sobre uma “hipotética” onda de refugiados, Hua assegurou que “a China seguirá os protocolos das Nações Unidas”. O mulá Abdul Ghani Baradar, chefe do gabinete político dos talibãs no Catar, declarou nesta segunda-feira o fim da guerra e a sua vitória, um feito inesperadamente rápido, que também culminou na fuga do presidente afegão, Ashraf Ghani, no domingo. Ele está exilado no Tajiquistão. O colapso do país ocorreu poucas semanas após as forças dos EUA e da Otan terem iniciado a fase final da retirada em maio, entregando todas as bases militares ao então ativo Exército afegão.

*Com informações da EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.