Estado colombiano é condenado por sequestro, tortura e estupro de jornalista
Corte Interamericana de Direitos Humanos apontou que violência cometida por Jineth Bedoya em 2000 foi arquitetada com ajuda de policiais e teve investigação negligenciada
A Corte Interamericana de Direitos Humanos considerou nesta segunda-feira, 18, o Estado da Colômbia responsável pelo sequestro, tortura e estupro cometido contra a jornalista Jineth Bedoya há 21 anos. Hoje com 47 anos, a profissional da comunicação fazia uma reportagem investigativa sobre tráfico de armas para o jornal El Espectador quando foi alvo de uma emboscada em 25 de maio de 2000. Naquele dia, ela marcou uma entrevista com Mario Jaime Mejía, líder do exército ilegal de extrema-direita que lutava contra as guerrilhas da extrema-esquerda no país, mas foi sequestrada e mantida em cárcere privado por 16 horas, período no qual foi drogada e violada sexualmente antes de ser jogada sem roupa na beira de uma estrada em Bogotá. A corte interamericana considerou que policiais da prisão estadual La Modelo trabalharam em conjunto com funcionários do Estado para cometer o sequestro e também chegou à conclusão de que o governo da Colômbia foi lento e negligente no processo de investigação e condenação penal do caso.
Alguns anos após o crime, o governo da Colômbia pediu perdão à jornalista em público e a indenizou com 24 milhões de pesos colombianos (equivalente, hoje, a R$ 35 mil). Apesar de apenas três paramilitares terem sido condenados à prisão pela violência, pelo menos 25 estariam envolvidos na violência e na articulação do sequestro. A condenação desta terça-feira ordenou que o Estado colombiano criasse um fundo anual de US$ 500 mil (mais de R$ 2,7 milhões) para proteger jornalistas mulheres de violência e determinou a promoção de projetos para evitar que a violência sexual se repita no país. O presidente Iván Duque afirmou que casos como o da jornalista não devem se repetir jamais e disse que o país cumprirá a sentença “em sua totalidade”.
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