Estados Unidos e Rússia negociam renovação de acordo nuclear

Previsto para expirar em fevereiro de 2021, o tratado impede uma nova corrida de armamento nuclear; os dois países, porém, querem que a China também faça parte do acordo

  • Por Bárbara Ligero
  • 14/10/2020 12h48
REUTERS/Kevin Lamarque Quando o New START foi assinado, nem Trump, nem Putin estavam no governo de seus países

Em abril de 2010, os Estados Unidos e a Rússia assinaram um tratado de redução de armas nucleares que ficou conhecido como “New START”. Além de limitar o número de ogivas e mísseis, o acordo autoriza o mútuo monitoramento por satélites e inspeções anuais. Com a proximidade da expiração do contrato, que perderá a validade em 5 de fevereiro de 2021, os países estão negociando uma possível substituição ou renovação do programa. Na época em que o tratado foi assinado, os presidentes das duas nações eram, respectivamente, Barack Obama e Dmitri Mdvedev.

Atualmente, os países estão sob o governo de Donald Trump e Vladmir Putin, que chegaram a se desentender sobre o assunto em fevereiro de 2017. Em uma ligação telefônica de 60 minutos entre os presidentes, Putin questionou a extensão do tratado e foi atacado por Trump, que afirmou que o acordo favorecia a Rússia e havia sido “um dos vários negócios ruins feitos pela administração de Obama”. Caso o New START não seja renovado ou substituído, essa seria a primeira vez desde 1972 que as duas maiores potências nucleares do mundo não teriam um acordo de controle de armas atômicas em vigor.

A última conversa entre Estados Unidos e Rússia sobre o assunto aconteceu no início do mês, em 5 de outubro, na capital finlandesa Helsinque. Depois desse encontro, a agência de notícias Reuters afirmou que o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Seregy Lavrov, não vê perspectivas de estender o tratado, mas pretende continuar com as negociações. Já o enviado especial dos Estados Unidos para o Controle de Armas, Marshall S. Billingslea, se mostrou mais otimista durante um bate-papo promovido pela Heritage Foundation na terça-feira (13).

Na gravação do evento, que foi compartilhada em sua página oficial no Twitter, Billingslea afirma que houve um “princípio de acordo” com a Rússia e que os Estados Unidos estão dispostos a estender o New START desde que ambas as partes aceitem congelar o seu arsenal nuclear. Ainda segundo o representante norte-americano, tanto os Estados Unidos quanto o governo russo gostariam de incluir a China no acordo. A nação asiática, porém, têm se recusado a participar das negociações, alegando ter menos armas nucleares do que os outros dois países que.

Em seu perfil oficial no Twitter, o Embaixador da China para Assuntos de Desarmamento, Li Song, afirmou: “Existem apenas duas potências nucleares no mundo. Não três”. A publicação foi respondida pelo Diretor da Associação de Controle de Armas dos Estados Unidos, Daryl Kimball, que argumentou: “Sim, os EUA e a Rússia possuem os dois maiores arsenais nucleares, mas 300 armas nucleares são mais do que qualquer um precisa e uma arma nuclear pode destruir uma cidade”.

Na ocasião em que o New START foi assinado, o ex-presidente Barack Obama afirmou que, juntos, Estados Unidos e Rússia possuem cerca de 90% do poder nuclear mundial. A dissolução do acordo pode levar a uma corrida armamentista semelhante à da Guerra Fria, quanto os EUA e a antiga União Soviética começaram a competir pelo desenvolvimento de bombas nucleares.

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