Etiópia inaugura maior projeto hidrelétrico da África

A ‘Grande Barragem do Renascimento’ envia um sinal importante, pois o país foi a primeira nação do mundo a proibir a importação de veículos com motor a combustão

  • Por Jovem Pan
  • 09/09/2025 13h46
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Luis TATO / AFP Etiopia Nesta terça-feira, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, afirmou que a barragem é 'uma grande conquista não apenas para a Etiópia'

A Etiópia inaugurou, nesta terça-feira (9), a “Grande Barragem do Renascimento” (GERD) no Nilo, apresentada como a maior infraestrutura hidrelétrica da África e que gerou tensões com os países vizinhos. A GERD, cuja construção começou em 2011 com um orçamento de quase 4 bilhões de dólares (21,6 bilhões de reais), é uma imensa infraestrutura de 1,8 quilômetro de comprimento por 145 metros de altura. Tem capacidade para 74 bilhões de metros cúbicos de água.

Para o segundo país mais populoso da África, onde quase 45% dos 130 milhões de habitantes não têm acesso à energia elétrica, a barragem pode representar uma “revolução energética”, segundo especialistas. Também envia um sinal importante, pois a Etiópia se apresenta como o grande promotor africano dos veículos elétricos e foi a primeira nação do mundo a proibir, no início de 2024, a importação de veículos com motor a combustão.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, afirmou que a barragem é “uma grande conquista não apenas para a Etiópia, e sim para todas as pessoas negras”.

“Para os países rio abaixo, a Etiópia construiu a GERD como um brilhante exemplo para as populações negras. Isso não afetará em nada seu desenvolvimento”, acrescentou.

Fora da Etiópia, a barragem foi duramente criticada por países vizinhos, como o Sudão e o Egito, que temem a redução de sua principal fonte de abastecimento de água. O governo egípcio chamou a barragem de “ameaça existencial” para seus 110 milhões de habitantes. O país obtém 97% de suas necessidades hídricas, em particular na agricultura, graças ao Nilo.

O Egito enviou uma carta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na qual denuncia a construção da GERD como “uma medida unilateral que viola o direito internacional”.

Cairo se reserva o direito de tomar “todas as medidas previstas pelo direito internacional e pela Carta das Nações Unidas” para defender “os interesses existenciais de seu povo”, acrescenta a carta, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Egito. O Sudão também expressou preocupação e reiterou no final de junho, com o Cairo, “sua rejeição a qualquer medida unilateral na bacia do Nilo Azul”.

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A longo prazo, a barragem terá uma produção de 5.000 megawatts (MW), o dobro do que a Etiópia produz atualmente. Com a GERD, Adis Abeba também obterá importantes receitas com a energia elétrica vendida a seus vizinhos. Segundo Abiy, os lucros podem chegar a 1 bilhão de dólares (5,42 bilhões de reais) por ano.

*Com informações da AFP

Publicado por Nátaly Tenório 

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