EUA: Policial que atirou em jovem negro será acusada de homicídio culposo em 2º grau

Agente afirma ter confundido revólver com arma de choque durante ação envolvendo Daunte Wright, de 20 anos; pelo menos 60 manifestantes foram detidos durante o terceiro dia de protestos em Minneapolis

  • Por Jovem Pan
  • 14/04/2021 15h40 - Atualizado em 14/04/2021 17h37
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EFE/EPA/CHRISTIAN MONTERROSA A mãe de Daunte Wright fala sobre o seu filho durante coletiva de imprensa em Minnesota, EUA Katie Wright (centro) fala sobre a última conversa que teve com o filho durante coletiva de imprensa organizada pelo procurador Ben Crump (esquerda)

A oficial Kim Potter, que trabalhava há 26 anos na Polícia de Minnesota, deve ser acusada de homicídio culposo em segundo grau, de acordo com os promotores do caso. A condenação acarreta em uma pena máxima de dez anos de prisão, além de uma multa de US$ 20 mil. A agente, que afirma ter confundido a arma de choque com o revólver, foi suspensa do cargo e está sob custódia desde a manhã desta quarta-feira, 14, por ter atirado no jovem negro de 20 anos Daunte Wright. “Uma veterana sabe a diferença entre um taser e uma arma de fogo. Kim Potter executou Daunte pelo que equivale a não mais do que uma infração de trânsito e um mandado de contravenção”, defende o advogado da família Wright, Ben Crump. A morte, que aconteceu a poucos quilômetros de onde George Floyd havia sido asfixiado por Derek Chauvin em maio de 2020, provocou três dias de protestos no estado e o pedido de demissão do chefe da polícia do subúrbio de Brooklyn Center, Tim Gannon.

Daunte Wright foi parado por estar com uma etiqueta vencida na placa do seu carro, mas os policiais acabaram descobrindo que ele possuía um mandato de prisão pendente por uma contravenção. Ao ser informado de que seria preso, o jovem tentou fugir entrando de volta em seu veículo. Nesse momento, imagens produzidas por câmeras acopladas na farda dos oficiais mostram Kim gritando “taser”, nome dado à arma de choque não letal. No entanto, ela acaba disparando com uma arma de fogo e, ao se dar conta do que fez, diz: “Meu Deus, eu atirei nele”. Os seus colegas ficam sem reação e o jovem acaba fugindo com o carro, mas consegue dirigir por apenas dois quilômetros antes de morrer e bater em outro veículo.

A mãe de Daunte, Katie, disse à imprensa norte-americana que chegou a falar com o filho por telefone depois que ele foi parado pela polícia e inclusive se ofereceu para dar explicações sobre a irregularidade no veículo. Ela afirma que ouviu os agentes ordenando que o seu filho deixasse o carro e desligasse o celular. Quando finalmente conseguiu ligar de volta, quem atendeu foi a namorada de Daunte, que relatou que ele havia levado um tiro. “Ela apontou o telefone para o banco do motorista e meu filho estava deitado lá, sem responder. Essa foi a última vez que vi meu filho”, narrou em meio às lágrimas.

Manifestantes tomaram as ruas de Minneapolis desde que o caso veio à tona. Na noite de terça-feira, 13, pelo menos 60 pessoas foram detidas em meio ao confronto entre os civis, que lançaram garrafas e outros objetos contra a sede da polícia em Brooklyn Center, e os agentes de segurança, que responderam aos ataques com gás lacrimogênio e balas de borracha. Mais cedo no mesmo dia, as famílias de Daunte Wright e George Floyd se uniram para pedir o fim da matança de afro-americanos desarmados pela polícia. Além de terem morado em Mineápolis, os dois homens conheceram Courtney Ross, que era namorada de George e diretora da escola onde Daunte estudou. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou o caso como “trágico” e pediu paciência enquanto as autoridades investigam o que aconteceu.

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