Policial que matou homem negro nos EUA confundiu revólver com arma de choque
Pelo menos 40 manifestantes foram detidos em protestos pela morte de Daunte Wright, baleado a cerca de 16 quilômetros do local onde George Floyd foi asfixiado há pouco menos de um ano
O chefe da Polícia de Brooklyn Center, Tim Gannon, divulgou gravações da ação policial que levou à morte de Daunte Wright neste domingo, 11. O jovem negro de 20 anos foi parado por ter cometido uma infração de trânsito, mas os agentes acabaram descobrindo que ele possuía um mandato de prisão pendente. Ao perceber que seria preso, Wright tentou fugir entrando de volta em seu veículo. Nesse momento, imagens produzidas por câmeras acopladas na farda dos agentes mostram uma das oficiais gritando “taser”, nome dado a uma arma de choque não letal. No entanto, ela acaba disparando com um revólver e, ao se dar conta do que fez, diz: “Meu Deus, eu atirei nele”. Os seus colegas ficam sem reação e o jovem acaba fugindo com o carro, mas consegue dirigir por apenas dois quilômetros antes de morrer e bater em outro veículo. “Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte”, resumiu Tim Gannon. Kimberly Potter, a oficial que atirou em Daunte Wright, foi suspensa após 26 anos na polícia.
Manifestantes voltaram às ruas nesta segunda-feira, 12, para protestar contra o ocorrido. A maioria se dirigiu à delegacia de Brooklyn Center exibindo cartazes que pediam justiça por Daunte Wright. A imprensa local afirmou que as pessoas desrespeitaram o toque de recolher e entraram em confronto com a polícia local, lançando garrafas, tijolos e até fogos de artifício contra os agentes. Pelo menos 40 pessoas foram detidas e as forças de segurança usaram gás lacrimogênio para conter a multidão. Os times de basquete, futebol americano e beisebol do estado de Minnesota, Timberwolves, Wild e Twins, respectivamente, também se recusaram a jogar as partidas que estavam agendadas para esta segunda-feira, 12, em protesto.
O caso também gerou revolta por ter acontecido a cerca de 16 quilômetros de onde George Floyd foi asfixiado durante uma ação policial em maio de 2020. Floyd havia sido detido por suspeita de usar notas falsas em um mercado e chegou a repetir “não consigo respirar” 27 vezes enquanto o ex-agente Derek Chauvin pressionava o joelho contra o seu pescoço. Na época, o caso gerou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial em todo o mundo, impulsionado principalmente pelo movimento Black Lives Matter. Atualmente, o júri responsável pelo julgamento de Chauvin está na terceira semana de depoimentos. Os advogados de defesa do ex-policial pediram ao juiz que os jurados fossem isolados nos próximos dias para não serem influenciados pela notícia envolvendo a morte de Daunte Wright, mas tiveram o seu pedido negado.
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