Exército de Myanmar mata crianças, corta internet e acusa Suu Kyi de mais crimes

A repressão da junta já tirou a vida de mais de 500 civis desde o dia do golpe, incluindo menores de idade, à medida que as queixas contra a vencedora do Prêmio Nobel da Paz se multiplicam

  • Por Jovem Pan
  • 01/04/2021 18h18
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EFE/EPA/STR Mulher chora durante manifestação contra o golpe militar em Mandalay, antiga capital de Myanmar Mulher chora durante manifestação contra o golpe militar em Mandalay, antiga capital de Myanmar

Aung San Suu Kyi, que está detida desde o golpe militar em Myanmar, foi acusada de novos crimes nesta quinta-feira, 1. O exército alega que a vencedora do Prêmio Nobel da Paz quebrou uma lei da era colonial do país, que pune autoridades que revelam segredos oficiais. De acordo com o advogado da ativista, essa é a acusação mais séria já feita até agora, visto que pode implicar em uma sentença de até 14 anos de prisão. Atualmente, Suu Kyi já está respondendo por vários crimes menores, como propina, incitação à desordem pública, importação ilegal de walkie-talkies e violação de protocolos contra o novo coronavírus.

Desde que tomou o poder em Myanmar, o exército vem adotando uma série de medidas para tentar impedir as manifestações populares. A junta ordenou, por exemplo, que os provedores de internet desligassem todos os serviços de banda larga sem fio até segunda ordem. Mesmo com dificuldades para se mobilizarem através das redes sociais, os manifestantes continuam tomando as ruas, onde encontram uma repressão policial violenta. De acordo com a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos, 538 civis já foram mortos em protestos contra o golpe, sendo 141 só no último sábado, 27, o dia mais sangrento até agora.

A organização não-governamental Save The Children divulgou nesta quarta-feira, 31, um relatório próprio em que afirma que entre as vítimas fatais da repressão policial estão pelo menos 43 menores de idade. A mais jovem era uma menina de sete anos, mas a maioria dos mortos eram adolescentes com menos de 16 anos. Segundo o levantamento, o número de crianças assassinadas pelas forças armadas dobrou nos últimos 12 dias. A entidade acrescenta que há uma quantidade significativa de menores feridos, incluindo um bebê de um ano que foi atingido por uma bala de borracha.

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